Os tópicos mencionados neste artigo (todos iniciados com a letra C) fornecem um resumo básico do que nós podemos chamar de uma visão cristã sobre o ensino de lingua/gem. Embora ele tenha sido escrito visando o ensino da Língua Inglesa como língua materna, o leitor verá que tais princípios se aplicam também para o ensino de Língua Portuguesa ou mesmo de línguas estrangeiras.
Se você ainda não leu a Parte I, clique aqui: http://macasdeouro.blogspot.com/2014/07/ensino-de-lingua-por-uma-perspectiva.html.
"Este artigo foi
trazido a você pela letra C: Ensinando Inglês por uma Perspectiva Cristã"
(Jeff Dykstra)
Contra-cultural
Embora a
educação reformada nas artes da linguagem seja cultural, ela também é
contra-cultural. Por exemplo, eu uso a obra “Profeta”, de Frank Paretti, [novela
cristã, lançada em 1992, que trata de como a mídia cobre o tema do aborto] como
um recurso comunicativo na minha classe de Ensino Médio, na unidade sobre jornalismo
e cobertura de notícias. A novela merece ser estudada por dois motivos:
Primeiramente, ela lança interessante luz sobre como o jornalismo pode ser
empacotado de modo a promover diferentes agendas. Em segundo lugar, a novela
tem as suas próprias fraquezas, vindo de um ponto de vista carismático e discutivelmente
arminiano, o que pode promover discussões sobre como exatamente o espírito
Santo age entre o Seu povo, e como Deus opera a Sua soberania na salvação do
homem. Depois de analisarmos ambos estes assuntos por uma perspectiva bíblica,
eu desafio os alunos a responderem concretamente aos erros da nossa cultura,
escrevendo uma carta ao editor e/ou um ensaio crítico ou persuasivo.
Criatividade
O desafio
de se responder concretamente, tanto a Cristo, quanto à cultura, nos trás ao
quinto elemento da educação reformada nas artes da linguagem: a criatividade.
Embora nós devamos testar (e desafiar) os espíritos da nossa época, nós não
podemos parar com uma abordagem puramente crítica e negativa. Nós devemos também
ser positivos, utilizando os nossos talentos comunicativos para glorificar a
Deus e para a edificação dos nossos próximos. É por isso que os alunos, em cada
série das minhas aulas de Inglês, devem apresentar alguma obra-prima para ser
publicada (ou ao menos considerada para publicação), por alguma instituição
fora da escola. Há vários lugares aos quais podemos pedir publicação: o
concurso anual do Dia da Lembrança (Remembrance Day) e vários concursos de
poesia, revistas como a “Perspectiva Reformada” (Reformed Perspective) e a “Digestão
do Leitor” (Reader’s Digest), e livros como “Canja de Frango para a Alma”
(Chicken Soup for the Soul). Tendo ou não a sua obra publicada, cada aluno deve
escrever uma redação lidando com os problemas enfrentados neste processo de edição
e publicação do seu trabalho.
Cooperação
O aspecto
do ensino de língua cristão que eu penso ser o mais difícil de se executar é a
sua natureza comunal e cooperativa. Quando um bebê é batizado, a promessa da
aliança de Deus para este bebê é testemunhada por toda a congregação, a qual é o
corpo de Cristo. Dois capítulos da Bíblia lidam extensivamente com a questão de
como os membros desse corpo são necessários para o bem uns dos outros: Romanos
12 e I Coríntios 12. A juventude da aliança deve ser treinada para buscar o bem
de toda a congregação, para trabalhar conjuntamente, para edificar uns aos
outros. Infelizmente, a natureza realmente humana dos alunos muitas vezes torna
isto difícil, visto que os projetos em grupo – a montagem de uma assembleia, a
formação de uma peça teatral ou a apresentação dramática para a leitura de um
poema – frequentemente significam que alguns tentarão pegar carona nas costas
de outros. Isso pode ser evitado dando-se a cada membro do grupo um papel e uma
responsabilidade distinta (como no corpo de Cristo); cimentando-se a coesão
entre os grupos com atividades de edificação do time; designando aos grupos
tarefas menores com maior supervisão inicial, e designando trabalhos de grupo
que possam ser realizados fora dos muros da escola. Por exemplo, os alunos
podem ser orientados a escreverem as memórias dos membros idosos da sua própria
congregação, para uma antologia de anedotas sobre vários momentos da história,
requerendo-se assim que os alunos trabalhem com pessoas com quem eles talvez raramente
falariam, se falassem, não fosse por trabalhos como este.
A parte
mais desafiadora, ao se ressaltar este aspecto comunal da comunicação, contudo,
se encontra no encorajamento de alunos mais bem dotados a apoiarem os seus co-aprendizes/colegas
sem que eles mesmos sofram um curto-circuito no seu aprendizado. O melhor modo
de encarar este desafio é assegurar-se de que as tarefas dadas pelo professor
aos alunos são suficientemente significativas e levam em consideração a participação
de todos. Contudo, igualmente importantes são os tipos de exemplos que os
alunos tem visto da cooperação cristã no interior de suas escolas, igrejas e
famílias. Quão bem nós, como adultos, temos exemplificado o modelo de uma
atitude paciente com relação aos que são mais fracos, sem nem os ignorarmos,
como a nossa sociedade competitiva e individualista nos tenta a fazer, e nem
tomar deles a sua independência?
Conclusão
Como você pode ver, a educação Reformada nas artes
da linguagem é um desafio colossal, o qual requer cuidado, compromisso,
compaixão e consistência. O professor reformado deve não somente ensinar com
eficácia, mas também dar o exemplo dos valores que deseja ensinar. Isso só pode
ser feito - e ainda assim com muita deficiência (com a qual eu estou simplesmente
muito familiarizado) – pela obra do Espírito Santo, pela Palavra e a oração, e
no contexto da comunhão dos santos. Eu gostaria muito de ouvir de qualquer um
dos meus santos-colaboradores afora se estes pensamentos tocaram alguma corda
certa (pronto, eu terminei com uma palavra que se inicia com a letra “C”).
Muito interessante esse texto, com excelentes ideias e dicas para tornar as aulas de linguagem mais engajantes, produtivas e distintamente cristas.
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