Para os leitores interessados na área da linguagem e do ensino de língua, esta postagem consiste na primeira das duas partes de um artigo postado no site da revista Reformed Perspective (Perspectiva Reformada), traduzido com permissão dos editores. Se você deseja ler o artigo original, visite o endereço: http://reformedperspective.ca/resources/44-christianed/55-english.
Os tópicos mencionados neste artigo (todos iniciados com a letra C) fornecem um resumo básico do que nós podemos chamar de uma visão cristã sobre o ensino de lingua/gem, e daí a sua relevância para os profissionais desta área. Embora ele tenha sido escrito visando o ensino da Língua Inglesa como língua materna, o leitor verá que tais princípios se aplicam também para o ensino de Língua Portuguesa ou mesmo de línguas estrangeiras.
"Este artigo foi
trazido a você pela letra C: Ensinando Inglês por uma Perspectiva Cristã"
(Jeff Dykstra)
Como
cristãos, nós somos corretamente gratos pelo que é trazido a nós pela letra C:
as letras A e B, e as letras D até Z, através das quais nós podemos ler a
Palavra de Deus. A nossa cultura também valoriza tanto as habilidades da leitura
e da escrita que ela apoia o ensino dessas habilidades pelas escolas públicas,
assim como as demais habilidades relacionadas a elas, como a escuta, a fala, a
visão (ou “leitura” de imagens visuais), e a representação (comunicação por
meio de imagens visuais). Nós temos razões ainda mais fortes para valorizar a
linguagem e a comunicação, visto que nós conhecemos um Deus pessoal, que
comunica o Seu amor e a Sua glória a nós. Então, como um professor Reformado pode
viver a sua fé e capacitar os seus alunos a viverem a sua fé na sala de aula de
linguagem?
Bem, como
não é de se surpreender, dado o título deste artigo, há (pelo menos) seis
elementos diferentes que fazem a aula de linguagem por uma perspectiva
reformada ser distinta, todas começando com a letra C.
Centrado em Cristo
Em primeiro
lugar, o ensino reformado das artes da linguagem deve ser verdadeiramente
cristão, ou para colocar de modo ainda mais enfático, centrado em Cristo.
Obviamente, isso é verdadeiro com relação a toda a educação reformada, mas o
que isso realmente significa na sala de aula de linguagem? Para começar, isso
significa que o nascimento de Cristo, a sua morte, a sua ressurreição, a sua
ascensão e o seu reinado devem estar no centro das nossas discussões literárias
e sobre a vida.
Na “Lista
de Schindler”, por exemplo, Oskar Schindler é frequentemente mencionado como um
tipo de salvador, já que as suas fábricas ajudaram a manter muitos judeus fora
dos campos de concentração. Uma discussão cristã do filme (ou do romance sobre
o qual este se baseia) perguntará como Schindler falhou no ofício de
“salvador”, e procurará lidar com a dúvida se Schindler mesmo chegou a
reconhecer, direta ou indiretamente, a sua própria necessidade do Salvador.
Outros tipos de literatura ou excluem a possibilidade de salvação ou até mesmo a
necessidade dela (quando o homem é visto como “naturalmente” bom), ou a mostra
de forma menos direta, como sendo consumada pelos atos heroicos de algum
personagem (ou por sua “decisão” por Cristo). Um professor reformado discutirá
com os seus alunos como reagir aos falsos evangelhos da nossa cultura, e
demonstrará como até mesmo estes falsos evangelhos revelam a necessidade do
verdadeiro Salvador. Finalmente, os
professores de linguagem reformados demonstrarão e ascenderão uma paixão pelo
tipo de literatura que reconhece completamente a nossa necessidade de salvação
pela graça de Deus somente, e que evidencia o fato de Cristo ser, ao mesmo
tempo, nosso Salvador e Senhor.
Covenantal (Centrado na Aliança)
A instrução
nas artes da Linguagem também é centrada na aliança. Como? Eu não estou me
referindo simplesmente ao fato de que o professor reformado ensina crianças que
são filhos da aliança (embora isso seja verdadeiro). O meu ponto é que a nossa
comunicação deve ser uma resposta de gratidão (que é a nossa obrigação) pelo
Seu amor (de acordo com a Sua promessa). Isso não significa que nós não
possamos escrever para a reflexão pessoal ou para o entretenimento. Isso
significa, contudo, que os nossos escritos mais pessoais refletirão mais do que
se simplesmente nós estamos alcançando os nossos próprios “objetivos pessoais”
– algo que o currículo governamental aceita como e sugere ser o foco primário
da reflexão pessoal. Ao contrário, os alunos deveriam aprender a explicitar o
seu entendimento da sua relação com Deus – que consiste em “meditar nos teus
preceitos e considerar os teus caminhos” (Sl. 119: 15) – e com os seus próximos
por meio Dele. Naquilo que concerne à nossa comunicação com os outros, o nosso
alvo básico deveria ser “falando a verdade em amor” (Ef. 4:29). Por exemplo, os
romances “Peace Shall Destroy Many” (A Paz destruirá a Muitos) e “The Chosen”
(O Escolhido) ambos lidam com o esforço por parte de comunidades religiosas
isoladas para lidar com o crescente secularismo da sociedade na qual elas
existem. A resposta dada por elas é a de se retrair dessa cultura – uma ideia
que é claramente inferior a sermos inteiramente fiéis. Um professor de língua
reformado encorajará a discussão em classe, a escrita de diários, apresentações
e composições sobre “se” e “como” nós caímos como presas dessa tentação de nos
retrairmos dessa cultura, e sobre o que nós podemos fazer com relação a essa
situação de falha em sermos sal na terra e luz no mundo.
Cultural
A educação
na sala de aula de linguagem por uma perspectiva reformada também é cultural.
Eu já tenho mencionado que, como Jesus ordena em Mateus 5: 13-16, nós devemos
estar envolvidos com o mundo ao nosso redor. Para fazermos isto, nós precisamos
conhecer a cultura na qual vivemos – os seus ídolos, e como nós mesmos podemos
muito bem acabar ficando demasiadamente impressionados por eles. Para ganhar
esse conhecimento, nós estudamos a literatura – tanto a literatura contemporânea,
para obtermos um vislumbre da nossa própria cultura, quanto os “clássicos”,
para um vislumbre das raízes que formaram as ideias e atitudes atuais. Uma
outra razão para o estudo dos clássicos foi dada por C. S. Lewis, o qual
recomendou que fossem lidos dois livros antigos para cada livro atual que nós
lemos. Por quê? Porque como um peixe em um aquário, nós estamos vivendo no
interior da nossa cultura, de modo que podemos nem sequer ver os seus erros
claramente. Lewis disse que a leitura das obras do passado é como colocar novos
óculos, visto que ao mesmo tempo em que os antigos autores também erraram, os
seus erros eram diferentes – os quais nós frequentemente já aprendemos a
enxergar. Ao mesmo tempo, os autores antigos viram coisas sobre a pureza, o
amor, e a piedade para as quais a nossa própria cultura já pode nos ter
cegado.
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