A Educação Cristã pode ser Clássica?
Temos visto o
sucesso intelectual da educação clássica. Vimos também que ela fica aquém em
vários quesitos cristãos básicos e que ela apresenta perigos reais aos
educadores e alunos cristãos. Isso leva naturalmente à pergunta: Os cristãos
podem usar dos métodos clássicos? Vimos, no histórico apresentado, que os
cristãos historicamente têm usado com proveito muitos dos métodos clássicos. A
base para eles fazerem isso é o entendimento de que toda verdade procede de
Deus, e o reconhecimento de que os gregos antigos descobriram e organizaram
muitas verdades relacionadas ao desenvolvimento intelectual, mais do que outros
antes e depois deles, razão porque sua visão das disciplinas e das artes
liberais se tornaram um padrão para as escolas clássicas desde o renascimento.
De modo geral, os reformadores, e seus seguidores até
hoje do ramo mais conservador entenderam que o modelo curricular que mais se
aproximava do ideal bíblico seria o currículo das artes liberais ou o currículo
clássico. Baseados no fato de que a educação cristã está fundamentada na
existência de verdades absolutas, que o seu objetivo é o conhecimento das
verdades divinas e que a verdade é algo a ser conhecido intelectualmente, os
defensores dessa corrente passaram a entender que as artes liberais eram as que
mais aproximavam ao estudo sistemático e organizado das verdades de Deus.
Os defensores da educação clássica dão grande valor à
razão humana, e consideram esta uma parte essencial da imagem de Deus no homem.
Gene Edward Veith, embora reconhecendo que “a crença cristã nunca seja
meramente a função de um argumento lógico, já que depende da revelação do
Espírito Santo” (1999, p. 75-93), insiste em que “crer compreende alguns
processos intelectuais e um conteúdo objetivo” (1999, p. 81), em oposição
direta àqueles educadores progressistas que valorizam processos acima de
conhecimento, sentimentos acima de fatos e socialização acima de verdade (1999,
p. 81) e assinala que, mesmo em meio a um contexto de um mundo pluralista e
relativista, os cristãos precisam reaprender a pensar em termos de verdade e de
doutrina e não em termos de experiência ou vontade ou interesses particulares.
Ele lembra, então, que sempre que o relativismo foi
mais forte na história humana, a resposta da Igreja reformada foi o
desenvolvimento do que seria chamado de uma educação de artes liberais. Foi o
que aconteceu quando filosofias ateístas e relativistas típicas da diversidade
cultural do fim do Império Romano se refletiram na observação de Pilatos em
João 18:38: “Que é a verdade?”, e a Igreja formulou uma educação liberal, sendo
o termo “liberal” entendido como se segue:
O
termo ‘liberal’ deriva da palavra latina ‘liberdade’. Para os gregos e romanos,
uma educação ‘liberal’ era a que convinha a cidadãos livres; o mero treinamento
ocupacional era para escravos. Aqueles que eram livres, em contraste,
precisavam saber pensar. A igreja primitiva tomou o melhor do conhecimento
clássico e combinou-o com uma visão de mundo cristã (1999, p. 83).
O resultado desse esforço foi exatamente a valorização
cristã do ideal das Artes Liberais. Prossegue o autor do artigo, demonstrando o
resultado desse tipo de educação clássica:
O Renascimento foi essencialmente um reavivamento da educação clássica.
A Reforma começou numa universidade de artes liberais em Wittenberg e foi
divulgada por eruditos clássicos tais como Melanchton, Zuínglio e Calvino. Uma
vez iniciada a Reforma, a educação tornou-se uma das principais prioridades
religiosas. Foram abertas escolas para ensinar aos leigos como ler a Palavra de
Deus. Ministros mantiveram aulas de catecismo e pregavam sermões para explicar
as verdades do pecado e da graça, e os novos ensinamentos começaram a ser
refletidos em toda a cultura, na arte, música, literatura e vida social. Mais
uma vez, a Igreja assumiu a tarefa de ensinar seus membros a pensar
biblicamente. (VEITH, 1999, p. 84)
Assim, para o
desenvolvimento acadêmico intelectual dos alunos, o modelo clássico tem sido
provado pelo tempo como um dos métodos mais lógicos, ordenados, sistemáticos e
eficazes para o treinamento da mente, e, apesar das ressalvas que fizemos na
seção anterior e dos cuidados que precisamos ter, em geral os cristãos a tem
considerado compatível com os princípios cristãos que também dão à mente um
papel elevado na descoberta das verdades de Deus, na formação da pessoa, e no
próprio crescimento espiritual. Desde que submissa à revelação, e dependente da
iluminação do Espírito de Deus, a mente do crente pode ser muito beneficiada
pelo estudo rígido da lógica e por meio de disciplinas bem estruturadas, mais
do que pelos métodos relaxados, assistemáticos e relativistas da pedagogia
moderna.
Na atualidade,
pedagogos cristãos têm também defendido o modelo clássico propondo que os três
caminhos do trivium (a gramática, a lógica e a retórica) correspondem aos três
termos frequentemente utilizados no livro de Provérbios e em várias porções da
Bíblia para designar as etapas de um aprendizado verdadeiro: o conhecimento, (o contato com os
ensinamentos de Deus), o entendimento
(a compreensão mental e os inter-relacionamentos das verdades aprendidas entre
si e com o Criador), e a sabedoria
(que seria a expressão prática e a aplicação do que foi conhecido e
compreendido nas circunstâncias reais e complexas da vida humana. Também a
defesa clássica de que se é possível conhecer antes de se compreender parece
concordar com a visão bíblica de que podemos conhecer e crer nas verdades de
Deus e mesmo ensiná-las às nossas pequenas crianças que ainda não podem
compreendê-las, a fim de que elas possam ser futuramente compreendidas e
aplicadas à vida. Outra afinidade que educadores cristãos encontram na educação
clássica atual é a importância das letras e da Palavra (consequentemente de
métodos tradicionais como a memorização, a repetição, a palestra, a leitura, a escrita,
a fala, e a retórica) para a aquisição do conhecimento e da sabedoria, que
parece ressonar em textos como Êxodo 24:3,4; Dt. 18:15-22; Salmo 119:130; Provérbios
2:6. Atualmente, é principalmente a ênfase na palavra e na leitura e na ordem
das três etapas do trivium que têm caracterizado a educação clássica cristã.
Exposta esta
defesa cristã de alguns métodos clássicos, é importante ressaltar que a educação
cristã não pode ser estritamente clássica no sentido de trabalhar apenas o
aspecto intelectual e de se perder em "loquacidade frívola" (1 Tm 1: 5),
deixando-se levar pelas faltas e devaneios acadêmicos de seus fundadores
idólatras. A educação cristã pode usar alguns dos métodos clássicos para
alcançar o seu ideal de formar o cidadão integral do reino de Deus, mas não o
ideal do cidadão romano; ela pode usar seus métodos para desenvolver a mente,
mas ela vê a mente como um componente da alma juntamente com o coração e com a
consciência, aspectos ignorados pelos fundadores gregos. Por isso é que o
apóstolo Paulo nos adverte a não nos deixarmos levar por doutrinas falsas,
pelas filosofias e vãs sutilezas, pelas discussões inúteis, pela questões e
contendas de palavras de homens cuja mente é pervertida e privada da verdade (I
Tm. 6:3-5), contrapondo estes erros típicos do intelectualismo pagão com o
ensino segundo a piedade, que é segundo a verdade de Cristo e que concorda com
uma fé sincera em Cristo, com o amor que procede de coração puro e com a boa
consciência que é moldada pela santa lei de Deus. E em II Tm. 3:14-17, o
apóstolo deixa claro que a verdadeira educação cristã é fundamentada nas
Escrituras, que são a fonte mais útil para a educação na justiça e para
preparar o crente para ser perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra. A Bíblia, não as disciplinas acadêmicas clássicas, são a marca distintiva
e indispensável da educação cristã integral. E por mais ênfase que encontremos
na Bíblia sobre as "palavras da verdade", o Sábio de Eclesiastes nos
adverte da vaidade das palavras, visto que "não há limites para fazer
livros e que o muito estudar é enfado da carne"(Ecl.12:10-12), e que a
educação mais importante é aquela que coloca o aluno face a face com Deus, para
o temer e o obedecer.
A educação
cristã, por ser integral, também precisa equilibrar o academicismo e a ênfase
teórica típicos da educação clássica com a prática e a expressão do
conhecimento adquirido através do serviço útil à sociedade e à igreja, e com a
integração social e emocional saudável da criança na sua comunidade e
especialmente na comunidade do pacto, sem mencionar a necessidade do
treinamento físico e atlético do corpo. Contudo, a educação clássica
normalmente se abstém dessas áreas, e por isso ela não pode ser vista como o
todo da educação que precisamos dar às nossas crianças. Por isso, é comum
vermos algumas correntes educacionais cristãs buscando integrar o ensino
literário clássico com a inserção do aluno em uma atmosfera social e natural
saudáveis, como ocorre com a proposta de Charlotte Mason, e de outros
educadores cristãos que continuam defendendo, contra o academicismo clássico, a
necessidade de uma educação mais prática e vocacional, voltada para o empreendorismo,
para a formação de líderes ativos ou para o serviço caridoso e útil à
comunidade.
A Educação Cristã Precisa ser Clássica?
Acho que essa
é a questão mais delicada e talvez a mais importante colocada diante de nós, e
tentarei respondê-la com cautela. Já vimos que a educação clássica não é
necessariamente cristã, pelo contrário, é de origem pagã. Mas vimos que ela faz
um trabalho excelente em desenvolver as capacidades da mente e em usar
ferramentas úteis para repassar conhecimentos aos alunos, e esse é um dos
objetivos primordiais da educação cristã: preparar a mente da criança para
receber, assimilar e organizar o conhecimento de verdades. Por essa razão é que
vemos no decorrer da história muitos teólogos e grupos de cristãos
utilizando-se dos métodos clássicos na educação das crianças e sendo muito bem
sucedidos na sua formação intelectual, e a exemplo dos puritanos, os quais se
tornaram exemplares também na piedade e no compromisso com a verdade de Deus, o
que nos mostra que a excelência acadêmica clássica e o ensino no temor do Senhor
podem andar juntos.
Contudo, a
frustração dos pais cristãos com os métodos pedagógicos vigentes, centrados na
criança, e o sucesso atual da educação clássica, centrada no conhecimento, têm
levado muitos pais cristãos a valorizar mais o ideal clássico e a buscar
métodos, currículos e disciplinas clássicas para ensinar seus alunos, tanto no
contexto escolar, como no ensino doméstico. Estes alunos têm, por sua vez, se
destacado no meio acadêmico, com notas acima da média das escolas públicas e privadas
nos testes nacionais, passando com louvor nos critérios de admissão nas
universidades, e destacando-se ainda como excelentes alunos nos cursos
universitários. Diante disso, muitos pais e educadores cristãos se vêem diante
de um dilema: "será que, para dar uma boa formação acadêmica aos meus
alunos, eu preciso matriculá-los em instituições clássicas e adotar currículos
clássicos, mesmo que estas escolas, materiais e leituras não sejam
cristãos?"
Felizmente
existem muitas escolas clássicas cristãs hoje nos Estados Unidos e se
espalhando pelo mundo, além de casas publicadoras que buscam unir esses dois
ideais educacionais, além de professores e autores que têm buscado oferecer
materiais didáticos cristãos nas mais diversas disciplinas, que se utilizam de
métodos clássicos para ensiná-las às várias faixas etárias. Mas em países como
o nosso, em que há muito pouco material educativo cristão, e em que a educação
clássica é praticamente desconhecida ou depreciada pela filosofia educacional
moderna como atrasada, elitista ou conteudista, esses pais e educadores
despertados para essa situação têm se perguntado também: Será que os meus
filhos podem ter uma boa formação cristã total sem utilizarmos dos métodos e
materiais clássicos?
Com base em II
Timóteo 3:14-17 eu diria que esses pais e educadores não precisam se preocupar
demasiadamente com a falta de conhecimento dos métodos e materiais clássicos se
eles derem a devida atenção e souberem fazer bom uso de um livro só: o clássico
dos clássicos, a Escritura Sagrada. Essas letras sagradas podem tornar as
pessoas que forem instruídas nela desde a infância pessoas perfeitas ou maduras
em todos os sentidos, sábias para a salvação pela fé em Cristo Jesus, sábias para
viver uma vida moralmente íntegra, justa e bem-estruturada; e sábias e
perfeitamente habilitadas para a realização de toda boa obra. Que mais você
poderia desejar para a educação de seus amados filhos e alunos?
A educadora
cristã Robin Sampson, conhecida por publicações sobre currículo e sobre como
preparar as crianças para os testes acadêmicos, faz um estudo muito
interessante no seu livro "Quando o seu Filho Precisa Saber o Quê?, e
propõe como solução para os cristãos que estão preocupados com o sucesso acadêmico o que ela chama de uma
"abordagem do coração sábio". Denunciando as bases anti-cristãs da
educação estatal no decorrer da história, ela diz que havia uma educação
excelente antes mesmo dos gregos surgirem com seus famosos ideais acadêmicos:
era a educação do povo de Deus no antigo testamento. Idealizada e ordenada por
Deus desde o jardim do Éden, baseada nos ensinamentos da lei de Moisés,
centrada não no conhecimento, mas na glória de Deus e na formação espiritual da
pessoa toda, a educação judaica é apresentada a nós como um exemplo ou modelo
melhor que a clássica. Suas disciplinas curriculares são para nós mais
relevantes do que as artes liberais (a Bíblia, a Ciência da Criação, a História
da Igreja, e a Maturidade do Caráter). Seus estágios substituem a proposta
grega da gramática, lógica e retórica pelo estágios do conhecimento,
entendimento e sabedoria. A variada literatura divinamente inspirada é seu
livro-texto ao invés dos autores clássicos, a qual dá às crianças o
conhecimento de Deus e instila no seu coração o apreço pelos heróis e ideais
bíblicos ao invés dos filósofos, aventureiros e oradores da antiguidade grega.
O foco da educação dos hebreus era na Palavra de Deus, na fé e na sabedoria que
provém do temor do Senhor, em contraste com o foco grego na literatura, na
lógica e no conhecimento que provém da filosofia humana.
Essa autora
compreende que pais preocupados com os tristes resultados da educação
tecno-científica, behaviorista ou romanticista atual queiram voltar ao método
clássico literário, que sem dúvida era mais elevado, mais humano e mais moral, e
que funcionava no sentido de ensinar o aluno a buscar o conhecimento por si só,
e fazia dele um homem de letras, um erudito, um pensador, um líder. Muitos pais
cristãos preferem esse ideal de homem clássico e buscam combinar a educação
clássica com a Bíblia, mas ela diz que há uma solução ainda melhor: voltar ou
redescobrir o modelo bíblico.
O que os
gregos tiveram de melhor a oferecer à educação foram alguns princípios lógicos
e ênfases literárias que os hebreus já possuíam nos Oráculos de Deus. E eles
tinham muito mais. Eles tinham o temor do Senhor que é a fonte da sabedoria, um
conhecimento verdadeiro, santo e útil que sempre destacou seus alunos muito
acima de toda erudição pagã. Pensem em José no Egito, em Daniel na Babilônia,
em Mordecai e Esdras na Pérsia, na autoridade do ensino de Jesus em comparação
com todos os seus contemporâneos judeus, gregos e romanos; no poder da pregação
apostólica entre os gentios. A educação ordenada por Deus para o seu povo era e
é muito mais apropriada aos filhos da aliança do que uma educação nos moldes
pagãos.
Não há nada de
realmente importante na educação clássica que crentes estudiosos e piedosos não
tenham encontrado na Palavra de Deus. Mesmo quando os ímpios em geral agem com
sabedoria isso acontece porque "o
seu Deus assim o instrui devidamente e o ensina... Também isto procede do
Senhor dos Exércitos; ele é maravilhoso em conselho e grande em sabedoria."
(Is. 23-29). Que a educação da nova geração acontece pela transmissão dos
conhecimentos adquiridos pelas gerações anteriores, isso a Bíblia nos ensina
desde Êxodo e Deuteronômio, e reitera no Salmos e Provérbios. Que o estágio inicial da
mente infantil prioriza a memorização: qualquer pai ou professor que já leu os
primeiros capítulos de Deuteronômio e que conhece um pouco da natureza infantil
sabe que é pela repetição e memorização que as leis de Deus devem ser
primeiramente repassadas às crianças pequenas. Que a mente deve ser informada
com ordem segundo seus estágios próprios,
isso Deus tem feito para ensinar o seu povo no decorrer da história
revelada, indo do concreto ao abstrato; e lidando com o seu povo inicialmente
pelos métodos visuais do tabernáculo e do culto para posteriormente revelá-los
verdades mais espirituais no Novo Testamento. Que o raciocínio é importante
para o conhecimento e que a pessoa é estimulada a pensar em níveis mais
profundos por meio de perguntas apropriadas (dialética), Deus há muito tempo
nos chama a fazer isso, como por exemplo, quando argumenta com o seu povo, por
exemplo, em Isaías 1:18: "Vinde,
pois, e arrazoemos, diz o Senhor..." ou em Isaías 40:13,14,21,26:
"Quem
guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu conselheiro, o ensinou? Com quem tomou
ele conselho, para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do
juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho de entendimento?...
Acaso, não sabeis? Porventura, não ouvis? Não vos tem sido anunciado desde o
princípio? Ou não atentaste para os fundamentos da terra? ... A quem, pois, me
comparareis para que eu lhe seja igual? Levantai ao alto os olhos e vêde. Quem
criou estas coisas?"
Amigos, nós
não somos proibidos de ler e usar seletivamente os clássicos pagãos, mas por outro lado, nós não precisamos dos clássicos
gregos ou modernos para educar os nossos filhos quando temos em nossas mãos o
clássico dos clássicos, a fonte de todo saber, a Palavra de Deus. Um eminente
professor secular de literatura recentemente afirmou que o livro mais
importante para a formação total do aluno é a Bíblia. Suas histórias, poemas,
provérbios e sua própria cosmovisão são indispensáveis ao fornecer ao aluno uma
estrutura inicial para conhecer o seu mundo. Em outras palavras, ele estava
dizendo que a Bíblia é o clássico mais importante que deveria ser explorado na
educação, mesmo da perspectiva não-cristã. Outros educadores têm relacionado o
declínio do ensino da Bíblia nas escolas Norte-Americanas com o seu declínio
acadêmico. E é importante aqui lembrar que muitos defensores da educação
clássica não priorizam a leitura da Bíblia e dos Bons Livros da Tradição
Cristã, o que deveria ser prioridade para nós.
Não, a
educação cristã não precisa ser clássica. Ela sempre foi superior. Ela pode ter
vingado no século XVI através dos moldes clássicos, mas ela floresceu e deu
frutos por ter sido, primeiramente, bíblica. Basta que ela seja bíblica, e ela
será academicamente melhor do que a clássica e infinitamente superior em todos
os demais aspectos. A educação cristã excelente é integral, e ela incluirá o
desenvolvimento intelectual; ela ensinará a criança a buscar o conhecimento por
si mesma, nas melhores fontes, a compreender as verdades de Deus em seu
relacionamento uma com as outras e com Deus; ela lhe fará um mestre de letras,
um hermeneuta da Palavra de Deus e de outras literaturas de qualidade, e muito
mais do que isso. Esse conhecimento virá de um coração vivo e santo, e
culminará numa vida piedosa e útil.
A educação
cristã não precisa ser clássica. Ela pode ser melhor ainda. Você pode não ter,
querido pai ou professor, muito conhecimento dos métodos gregos. Não se
preocupe. Estude os métodos de ensino bíblicos, usados pelos profetas, pelos
sacerdotes; os métodos usados por Cristo e por seus discípulos, e exemplifique-os para seus alunos. Você pode não
ter conhecimento ou acesso aos grandes clássicos da mitologia grega, às famosas
histórias de Homero, aos diálogos de Platão, às Fábulas de Esôpo ou às
palestras de Cícero; não se preocupe. Conte às suas crianças a história da
redenção, da criação ao apocalipse; descreva seus heróis e a obra de Deus em
suas vidas; conte seus romances; memorize os provérbios de Salomão e recite ou
cante os grandes poemas dos Salmos. Não há literatura mais excelente e mais
ideal para o ensino na justiça do que esse livro completo, divino, santo,
perfeito, verdadeiro e útil para dar sabedoria e para tornar o homem perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Em uma
palestra educacional, o pastor e educador Kevin Swanson apresentou uma boa
solução prática para os educadores cristãos clássicos: Priorizem a leitura dos mais
diversos textos Bíblicos. Tendo feito isso, busquem os clássicos cristãos, ou
seja, os melhores livros nos deixados pela tradição cristã: os escritos dos
pais da igreja; O Livros dos Mártires, de Fox; as obras de Agostinho; as
Institutas de Calvino e as obras dos reformadores; os escritos dos puritanos;
dos grandes cientistas e filósofos cristãos da era moderna; as grandes
biografias da História da Igreja, Horace Bonar, chegando aos clássicos mais
modernos, como as obras ficcionais ou não de C.S. Lewis, de Abraham Kuyper, de
Machen, de Francis Shaeffer, até a melhor literatura cristã infantil produzida na
atualidade como a de Miriam Schoolmaster, Diana Kleyn, Karine Mackenzie, etc,
muitas das quais já estão disponíveis em nossa língua. Tendo feito isto,
selecione então algumas das melhores obras clássicas, que os especialistas calculam serem
poucas, talvez menos de cem. Destas, muitas você já terá utilizado por serem cristãs;
e muitas outras poderão ser descartadas pelos temas não apropriados às nossas
crianças e jovens, e você terá um punhado de boas obras clássicas que poderão
ser lidas com proveito pelos seus filhos ou alunos. Mas não busque esse
terceiro grupo de livros sem ter antes trabalhado exaustivamente os dois
primeiros. Nosso tempo com nossas crianças é pouco; devemos buscar primeiro as
melhores obras concernentes ao reino de Deus e a sua justiça; e todas as demais
coisas nos serão acrescentadas. Porque cremos na promessa de Isaías: "todos os
vossos filhos serão ensinados do Senhor; e grande será a paz de teus
filhos".
Não tenho dito
estas coisas para desestimular ninguém a conhecer os métodos e programas
acadêmicos clássicos, nem para impedir que usem esse termo para descrever bons
materiais didáticos cristãos ou não, muito menos para contrastar o termo com a
educação cristã. Na realidade, hoje em dia o termo educação clássica tem sido usado não tanto para descrever o sistema
exato da educação grega antiga, mas mais como um sinônimo de um currículo mais acadêmico,
tradicional, sistemático, tutorial, mais
centrado no ensino do conteúdo do que na vontade e divertimento da criança,
mais histórico e literário do que tecno-científico, que respeita as fases do
desenvolvimento da mente infantil atribuindo tarefas e conteúdos apropriados a
cada faixa etária, dos mais objetivos e memorizáveis para as séries menores aos
mais racionais e expressivos à medida que a criança amadurece; É nesse sentido
que muitas vezes uso e que continuarei a usar o termo "educação
clássica", especialmente na seção seguinte em que farei uma caracterização
e relacionarei uma série de materiais teóricos, tutoriais e didáticos para os
meus leitores que desejarem se aprofundar e conhecer melhor o ensino clássico,
como sendo um método de ensino academicamente mais excelente do que o proposto
pela pedagogia atual e cujos princípios e práticas se coadunam com muitas das
leis do conhecimento e do desenvolvimento que Deus colocou na criança como uma
alma pensante e um descobridor de verdades.
Olá! Gostaria de entrar em contato com vcs. Há algum email para contato?! Agradeço desde já.
ResponderExcluirOlá, Raquel!
ResponderExcluirMeu e-mail é karisanglada@yahoo.com
É sempre um prazer corresponder com nossos leitores!
Abraço,
Karis.
Obrigada!
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