REI EDUARDO VI (1537 – 1553)
"Deus
chamou este jovem príncipe para conhecer e servi-lO quando era ainda novo.
Assim como Samuel, Eduardo obedeceu ao chamado do Senhor."
Nascimento e Educação
O Rei Eduardo VI, filho do Rei
Henrique VIII, nasceu no Palácio da Corte de Hampton, em 12 de Outubro de 1537.
A sua mãe, Jane Seymour, morreu apenas doze dias após o nascimento de Eduardo.
O seu pai cria que a educação das crianças era algo muito importante e quando
Eduardo tinha apenas seis anos de idade, o Rei Henrique escolheu dois homens de
boa educação para serem seus mestres. Um era um homem nobre e piedoso e o outro
era um fiel ministro do evangelho. Eles viram que Eduardo era ávido para
aprender. Ele fez um progresso tão bom em seus estudos que, quando tinha apenas
nove anos, ele já podia falar, ler e escrever em quatro línguas diferentes,
inclusive grego. Algumas de suas cartas e tratados, escritos em Latim e
Francês, se encontram em exposição no museu Britânico.
Amor pela Palavra de Deus
O príncipe Eduardo foi
privilegiado por ouvir piedosos pregadores no palácio real. Alguns desses
foram: Hugh Latimer, Nicholas Ridley e John Knox. O arcebispo Thomas Cranmer
também foi um dos instrutores do jovem príncipe. Muito melhor do que estes
distintos instrutores, no entanto, o Senhor mesmo ensinou a Eduardo. O Espírito
Santo abençoou suas pregações ao coração do pequeno príncipe. Assim como o
Senhor chamou a Samuel quando ele era apenas uma criança, Deus chamou este
jovem príncipe para conhecer e servir a Ele quando era ainda novo. Assim como
Samuel, Eduardo obedeceu ao chamado do Senhor.
Eduardo amava a Bíblia e desejava
compreendê-la melhor. Ele tentava viver do modo como a Bíblia o ensinava a
viver. Um dia, o jovem príncipe estava na biblioteca. Ele estava se esforçando
para pegar algo em uma prateleira alta, mas não conseguia alcançar. Um grande
livro estava posto sobre a mesa. Um dos seus servos apanhou este livro e o
colocou no chão para que ele pudesse pisar em cima e alcançar o que queria.
Eduardo viu que aquele livro era a Bíblia. Tirando-o do chão, ele reverentemente
o colocou de volta sobre a mesa. Ao pôr sua mão sobre o grande livro, ele disse:
“Este é o bendito Livro de Deus. Não é correto que pisemos sob nossos pés
aquilo que Ele nos concedeu para entesouramos em nossas mentes e corações”.
Eduardo se torna rei
O Rei Henrique VIII morreu quando
Eduardo tinha apenas dez anos. Nesta tenra idade, Eduardo tornou-se rei da
Inglaterra. Uma cerimônia majestosa foi organizada para celebrar esta ocasião
especial em 28 de Fevereiro de 1547. Três espadas deveriam ser levadas adiante
dele na procissão, representando os seus três reinos: Inglaterra, Irlanda e
França. Eduardo declarou que ele queria mais uma espada: a espada do Espírito,
que é a Bíblia. Ele insistiu em ter uma Bíblia carregada com aquelas três
espadas para demonstrar que ele recebera a sua autoridade real da Palavra de
Deus.
Seu frutífero reinado
Em uma carta ao seu amigo Thomas
Cranmer, Eduardo Escreveu: “Eu creio que devo desejar e praticar a piedade
acima de todas as coisas; como disse o apóstolo Paulo, ‘a piedade para tudo é
proveitosa’”.
Cranmer respondeu: “Das suas
cartas eu observo que, em seu amor pelo aprendizado, as verdades celestiais são
as coisas com as quais você mais se preocupa, e quem se importa com estas
coisas não será dominado por muitas preocupações. Persevere, portanto, no
caminho em que você tem adentrado e adorne a sua terra natal, que a luz da integridade
que eu contemplo em você possa futuramente iluminar toda a sua Inglaterra.”
O Rei Eduardo resistiu às
tentativas dos católico-Romanos da corte para influenciá-lo. Ele não cedeu às
suas pressões e a Reforma prosseguiu. Em uma carta a Bullinger, de um homem
chamado John ab Ulmis, nós aprendemos com relação às felizes mudanças na
Inglaterra:
A Inglaterra está adornada e
esclarecida pela Palavra de Deus e o número de fiéis aumenta grandemente a cada
dia. A missa, tão querida dos papistas, começa a abrir caminho – em muitos
lugares ela já é dispensada e condenada por divina autoridade... Peter Martyr
tem provado, pelas Escrituras e pelos escritos dos teólogos ortodoxos, que o
purgatório é apenas um fardo que nós temos sido forçados a suportar. Ele provou
que a Eucaristia, ou a santa Ceia do Senhor, é uma comemoração de Cristo e um
solene anúncio da Sua morte, não um sacrifício.
O pequeno rei realizou grande bem
em seu curto reinado. Ele fez com que as Escrituras circulassem em todo o país.
Trinta e seis diferentes edições da Bíblia inteira e do Novo Testamento foram
impressas e vendidas durante o seu reinado. Além disso, porções da Bíblia e de
outros bons livros foram impressas em grande número. Ele publicou o novo “Livro
de Oração”, bem como o novo catecismo e os Quarenta e Dois Artigos de Fé. As
imagens foram removidas das igrejas. Velas e procissões não eram mais
permitidas. Foi permitido aos padres que casassem. Ele removeu as restrições
que o Rei Henrique havia feito contra a pregação, para que o evangelho fosse
livremente pregado.
Quando ele estava próximo do fim
de sua vida, já fraco e doente, o Bispo Ridley pregou a ele. O assunto da
pregação era a bondade para com os pobres. Muito comovido por este sermão, Eduardo
pediu ao governante e conselheiro municipal de Londres para ir visitá-lo. Ele
queria pensar em mais maneiras de ajudar os pobres. Em poucos dias, o homem retornou
com um plano.
Um monastério foi transformado em
uma escola para crianças pobres. Outro monastério tornou-se um lar para pessoas
deficientes. Um abrigo foi estabelecido para pessoas com problemas mentais. Ele
estabeleceu hospitais e ofereceu dinheiro para mantê-los. Foi encontrado um
modo para ajudar viúvas e mulheres pobres. Deste modo, o Rei Eduardo ajudou
milhares de pessoas. Ele se importava bastante com as necessidades espirituais
do povo, mas ele também percebeu a necessidade de ajuda física nesses ramos.
Sua morte precoce
Infelizmente, Eduardo reinou por
apenas seis anos. No ano de 1552, ele contraiu um tipo de sarampo e varíola do
qual nunca se recuperou totalmente. Na primavera, ele se mudou para o campo,
para receber o ar fresco e a luz do Sol, mas durante o inverno que se seguiu,
ele desenvolveu uma tosse e sintomas de tuberculose apareceram.
John Foxe escreve: “cerca de três
horas antes de sua morte, esta piedosa criança, fechando os seus olhos e
pensando que ninguém podia ouvi-lo, fez esta oração: ‘Senhor Deus, liberta-me
desta vida miserável e desprezível e toma a mim entre os teus eleitos. No
entanto, não a minha vontade, mas a Tua vontade seja feita. Senhor, a Ti eu
entrego o meu espírito. Ó Senhor! Tu sabes o quão feliz eu seria de viver no céu
contigo, porém, pelo bem dos teus eleitos, concede-me vida e saúde, para que eu
possa verdadeiramente servir-Te. Ó meu Senhor Deus, abençoa o Teu povo e
preserva a Tua herança. Ó Senhor Deus, salva o teu povo escolhido na
Inglaterra. Ó meu Senhor, defende este reino do papado, e sustenta a verdadeira
religião, para que eu e o meu povo possamos louvar o Teu santo nome, por amor
ao Teu Filho, Jesus Cristo.’ Um pouco depois, ele disse: ‘Eu sou fraco e débil,
Senhor, tem misericórdia de mim e recebe o meu espírito’”.
Ele morreu quando tinha dezesseis
anos de idade, em 6 de Julho de 1553, e foi enterrado na Abadia de Westminster
em 8 de Agosto. Thomas Cranmer conduziu o funeral, insistindo em uma cerimônia
Protestante, apesar de a nova Rainha Maria querer uma cerimônia Católico-Romana.
O sofrimento do povo inglês foi grande, pois sabiam o quanto o jovem Rei
Eduardo se importava com eles e sentiam pesar em saber o quanto a Reforma
Protestante sofreria na Inglaterra em virtude da sua morte.
KLEYN, Diana; BEEKE, Joel R. Heróis da Reforma: um panorama ilustrado
para crianças e jovens. Grand Rapids: Reformation Heritage Books, 2007.
Cap. 12, p. 72-74.
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