Esta
postagem é baseada em um artigo publicado na revista WORLD, por Caroline Leal,
em Março de 2013, do qual foi extraído o título acima. Segundo o artigo, a
descoberta de um antigo manuscrito de C. S. Lewis, encontrado entre as páginas
de um pequeno caderno de anotações em uma das mais antigas bibliotecas da
Europa, está lançando nova luz sobre a visão da comunicação deste famoso autor.
De acordo
com a revista, em 2009, um professor da Universidade do Estado do Texas
resolveu um mistério literário envolvendo dois dos mais conhecidos autores do
século XX, - C. S. Lewis e J. R. R. Tolkien – os quais haviam planejado, na
década de 40, escrever um livro que seria intitulado: A Linguagem e a Natureza
Humana. Contudo, a obra, embora tenha sido agendada para publicação em 1950,
nunca foi concluída. Os estudiosos achavam que a obra nunca havia sido sequer
iniciada, até que o Dr. Steven Beebe – professor regente e presidente do
Departamento de Comunicação da Universidade Estadual do Texas – descobriu as
páginas introdutórias de um manuscrito nunca antes publicado de C. S. Lewis na
Biblioteca Bodleian da Universidade de Oxford.
O fragmento
cobria apenas oito páginas de um pequeno caderno no qual Lewis escrevera a
palavra “Rascunhos”. Após sete anos de
pesquisas, no verão de 2009, Beebe tornou pública a alegação de que o
manuscrito encontrado era o início deste projeto de obra conjunta de Lewis e
Tolkien. Sendo um
scholar internacionalmente renomado sobre C. S. Lewis, e um especialista em
comunicação, Beebe falou à Revista WORLD sobre o seu achado, e discutiu como,
quatro anos após ele ter anunciado a sua descoberta, este manuscrito continua a
instigar e a informar o mundo literário.
Ao
responder à pergunta sobre como ele se interessou por C. S. Lewis e por
Tolkien, o renomado professor afirma ter lido, em 1993, uma biografia sobre
Lewis “o excêntrico, o brilhante, o mestre, o erudito, o intelectual e poético
Lewis” e somente a sua vida foi suficiente para lhe cativar. Ele começou a ler
os seus livros e, ao perceber o quanto Lewis tinha a dizer sobre a linguagem, o
sentido e as palavras, o seu interesse nele, como teórico da comunicação, se
desenvolveu cada vez mais. Segundo o professor, o seu interesse por Tolkien é
apenas derivado do seu interesse por Lewis, no que diz respeito à sua
influência sobre esse autor. Ele afirma não ser um estudioso de Tolkien pois,
em suas palavras, “ainda não consegui me desvencilhar de Lewis, ou, Lewis ainda
não se desvencilhou de mim.”
O estudioso
afirma que o manuscrito, na realidade, não estava perdido, mas simplesmente
ninguém havia realmente percebido a sua significância. “Não é tanto que eu o
encontrei, e sim que eu o identifiquei. Ao começar a ler o manuscrito em 2002,
a primeira sentença dizia: ‘em um livro como este, nós deveríamos começar no
início das origens da linguagem...’, e então ele continua dando definições de significado,
que é exatamente a minha praia. É sobre isso que eu escrevo, estudo, ensino – linguagem,
sentido, comunicação”, afirma Beebe.
Contudo,
foi apenas em 2009 que o estudioso veio a perceber que o manuscrito era o início
do projeto de livro planejado por Lewis e Tolkien. O professor diz que já havia
transcrito e citado o manuscrito em seus artigos e obras, mas não conhecia o
seu contexto. Essa conexão só foi estabelecida em 2009, quando a sua máquina de
lavar-roupas quebrou. Então ele e sua esposa foram a uma lavanderia e, na saída,
ele levou consigo o excelente volume de Diana Glyer, “The Company They Keep” para
ler enquanto esperava. Ele estava lendo sobre a colaboração entre Lewis e
Tolkien, e Diana estava descrevendo o livro que eles planejavam co-autorar sobre
a natureza da linguagem. Foi então que ele parou no meio da leitura e foi como
uma “Eureka”. Em suas próprias palavras: “Eu lembro de estar lá sentado,
olhando para a minha roupa girando na secadora quando eu pulei da cadeira e
disse: ‘Eu sei o que é! Eu sei o que aquele manuscrito é!’. Eu fui para casa e
então eu pude ver, referências como ‘os autores acreditam’ e ‘pensamos nós’ evidenciam
que este é aquele livro que Lewis e Tolkien planejavam escrever juntos.”
A revista
WORLD pergunta ao professor qual seria o porquê do livro nunca ter sido
completado, ao que Beebe responde que, na mesma época, Lewis estava escrevendo
as Crônicas de Nárnia e Tolkien estava trabalhando no Senhor dos Anéis. Ambos
estavam ocupados com outros projetos. Por isso o manuscrito é composto por
apenas oito páginas escritas à mão, por Lewis, e o pensamento de Tolkien
realmente não está presente ali, é apenas o começo de Lewis.
Desde
então, o professor tem escrito e publicado artigos e comentários revelando e
provando a sua descoberta, os quais tem sido amplamente aceitos no seu meio
acadêmico e literário. Além disso, Beebe está trabalhando em um volume sobre
C.S. Lewis e a comunicação, ao qual ele pretende separar um “ano de descanso”
dos seus demais afazeres, para poder se dedicar melhor ao cumprimento desta
obra.
Segundo o
estudioso, ao iniciar os seus cursos sobre Lewis na Universidade de Oxford, ele
sempre começa perguntando aos alunos duas questões. A primeira é: “O que C. S.
Lewis disse sobre a comunicação?” E a segunda é: “O que C. S. Lewis fez para
tornar-se um excelente comunicador?” Estas duas perguntas serão o foco
principal da sua obra. O manuscrito encontrado ajuda a responder à primeira
pergunta, visto que trata especificamente de língua e semântica, contudo, a
contribuição do seu livro pretende ser como nós podemos aplicar estes insights
para nos comunicarmos efetivamente, assim como fez Lewis.
A obra
parece ser de grande relevância para todos aqueles interessados no campo da
linguagem e da teoria da comunicação, bem como a todos os fascinados pelas obras
e pelas habilidades literárias e comunicativas de C. S. Lewis. Aguardemos a sua
publicação!
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