RESOLUÇÕES DE JONATHAN EDWARDS
Esta postagem trará aos leitores um achado do
grande teólogo Jonathan Edwards conhecido como as suas “Resolucões”. Esse texto
consiste em setenta resoluções, escritas durante os anos de 1722 a 1723. Neste
período, Edwards estava com mais ou menos vinte anos, tinha acabado de
completar o seu treinamento escolar e para o ministério, e estava antecipando o
estabelecimento da sua vida de trabalho. Ele fez uso dessa oportunidade para
pausar e refletir sobre o tipo de pessoa que ele gostaria de ser e sobre o modo
como ele gostaria de viver a sua vida.
Se você ainda não leu a nossa postagem biográfica sobre este grande herói da fé cristã, e deseja conhecer um pouco mais da sua vida e ministério, clique aqui: http://macasdeouro.blogspot.com.br/2015/02/biografias-selecionadas-da-historia-da.html.
Em uma maneira que viria a tipificar a sua
carreira como um todo, ele tomou a sua pena e, nos poucos momentos de calma que
ele conseguia espremer de um dia atarefado, ele escreveu as diretrizes que usaria
para esquematizar a sua vida de modo geral – os seus relacionamentos, as suas
conversações, os seus desejos, as suas atividades. Assim, por meio destas
resoluções, ele como que oferece diversos sábios conselhos a si mesmo.
O manuscrito original deste texto não resistiu
ao tempo. Contudo, este texto tem sido amplamente reproduzido e impresso ao
longo dos três últimos séculos. Este texto é reproduzido aqui novamente, com poucas
revisões do texto para uma atualização da linguagem, com vistas a uma nova
geração de leitores. Nossa esperança é que estes conselhos sábios, diretos e
biblicamente sadios de Jonathan Edwards venham a nos influenciar profundamente,
e possam retornar o nosso foco a Cristo e à Sua palavra revelada, a qual deve
ser o único guia para os nossos passos e luz para os nossos caminhos.
INTRODUÇÃO
Edwards passou a maior parte da sua vida no
Vale do Rio Connecticut. Desde o seu nascimento, em 1703, até 1750, ele morou
ou ao norte ou ao sul do Rio Connecticut, entre os estados de Connecticut e de
Massachusetts, exceto por alguns meses entre os anos de 1722 e 1723.
Durante este período, o jovem Jonathan deixou o
seu lar e os ambientes familiares para responder ao chamado de servir a uma
pequena congregação Presbiteriana na cidade de Nova Iorque. O seu novo ofício
pastoral o relocou para onde seria, hoje, entre a Broadstreet e a Wallstreet.
Ele não era nada estranho a aventuras. Como
estudante em Yale, ele havia se mudado algumas vezes juntamente com a sua
instituição, devido, primariamente, ao fato de que Yale ainda não tinha
encontrado um lar permanente, mas também, em parte, como uma tentativa de
evitar confronto com as forças que eventualmente se engajariam na Guerra dos
Sete Anos.
Portanto,
agora, o jovem Edwards de dezenove anos de idade se encontrava em um ambiente
totalmente novo, em uma nova situação, e com uma nova e bem pesada
responsabilidade.
Para enfrentar estes novos desafios, Edwards,
seguindo um padrão que ele estabeleceu ainda bem cedo e continuou durante toda
a sua vida, se pôs a escrever. Como muitos dos seus antecessores puritanos, ele
começou a escrever em um diário que serviu como uma janela para a sua própria
alma e para registrar os seus pensamentos mais profundos. Esta prática serviu
também como um modo de apurar o seu relacionamento com Cristo e monitorar a sua
condição espiritual. Ele também começou uma série de parâmetros não apenas para
medir a sua vida, mas também para estabelecer metas para si mesmo. Em essência,
estas vieram a servir como indicadores da sua missão pessoal.
Edwards inicia as suas resoluções com uma
lembrança solene: “Eu sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus.”
Ele se excedeu em seus estudos em Yale, se formando como o primeiro da sua
classe para o seu bacharelado, e continuou a ser posicionado acima dos seus
colegas no programa de mestrado.
Dotado, capaz, e bem treinado, Edwards,
contudo, reconhece a sua absoluta dependência de Deus, e esta se torna o
ingrediente-chave das suas Resoluções. Longe de ser um advogado da auto-ajuda,
Edwards reconhece que tudo o que ele fizer que agrade a Deus, ou tudo o que
vale de alguma coisa ou que possui qualquer significado é apenas o resultado da
obra de Deus trabalhando por meio dele. Ao mesmo tempo, Edwards também
reconhece a sua necessidade de auto-disciplina.
Ao ler as suas Resoluções, você não pode evitar
perceber o desejo de Edwards de trazer todas as áreas da sua vida para debaixo
do controle Divino. Este desafio permeia todo o texto. Nenhuma área da vida
passa despercebida. Ele trata de todos os assuntos, desde a sua comida e bebida
até às suas conversações, da oração e leitura bíblica até os relacionamentos
para com os seus familiares, da sua vida espiritual até os seus desejos mais
profundos – nenhuma pedra permanece de pé. Seguindo os ensinamentos de Tiago,
Edwards presta atenção até mesmo àquele membro proporcionalmente menor em
tamanho, mas que consiste em um membro muito significativo e dominador do corpo
inteiro: a língua. Edwards reconhece quanto mal a língua pode produzir a ele, e
em quantos terríveis problemas ela pode lhe colocar, e ele reserva muitas das
suas resoluções ao desejo de domar deste pequeno e desgovernado membro.
As Resoluções também revelam a completa
determinação de Edwards de trazer cada área da sua vida sujeita à liderança de
Cristo e de descansar na soberania de Deus. Os Gregos antigos falavam do summun bonum, ou o bem supremo. Por
isto, eles queriam dizer que embora hajam muitas coisas boas pelas quais o
homem pode viver, alguma coisa se destaca como a melhor, a mais elevada destas
coisas. Para Edwards, de modo geral, a primeira pergunta do catecismo de Westminster define esta resposta
perfeitamente. O bem maior que qualquer pessoa pode fazer - ou, para usar a linguagem do catecismo, o
nosso fim principal - , é “glorificar a Deus e gozá-lO para sempre”. Muitas das
resoluções de Edwards representam a sua tentativa de transformar esta definição
geral em algo concreto e específico em sua própria vida. Ele se preocupa com a
proeminência de Cristo e com a prioridade da Bíblia em tudo o que ele faz. Ele
deseja que a sua vida – de fato, os seus dias, semanas e meses – não seja
desperdiçada nem mesmo em coisas que são boas em si próprias. Ao invés, ele
quer o melhor e se compromete a isso.
Edwards começa a datar as suas resoluções em 18
de Dezembro de 1722, quando ele já está no número 35, e que é o mesmo dia em
que ele inicia o seu diário. Ele conclui as resoluções em 17 de Agosto de 1723.
Embora as primeiras resoluções não foram datadas, elas provavelmente foram
escritas logo antes de começar a datá-las. Ele foi para Nova Iorque em Agosto
de 1722 e permaneceu ali até Abril de 1723. Dali até o Outono de 1723, Edwards
permaneceu no lar da sua família em East Windsor, escrevendo a sua tese de
mestrado e pregando em diversas igrejas, de acordo com as suas necessidades.
Consequentemente, as Resoluções foram escritas
em um período de transição na vida de Edwards.
Ele estava saindo do seu estágio fundamental de anos formadores como
estudante e adentrando o estágio no qual ele começaria a sua profissão como
ministro e teólogo. E durante toda a sua vida, as suas Resoluções foram um
companheiro fiel e constante para ele.
Edwards inicia o prefácio das suas Resoluções
com uma exortação a si mesmo para “lembrar de ler novamente todas estas
resoluções uma vez por semana”. Talvez este conselho também seja digno de ser
imitado. As resoluções permanecem tão relevantes hoje quanto eram no momento em
que Edwards as escreveu, embora tanto tempo tenha se passado. A leitura regular
delas com certeza nos ajudará também a viver, com toda a nossa força, para a
glória e o louvor de Deus.
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