O
Mito da Socialização
Muito pais conscienciosos têm
sido convencidos de que a escolinha maternal é uma necessidade para os seus
filhos de três anos de idade. Alguns pais fazem todo um planejamento financeiro
e reservam vagas bem antes do tempo para terem certeza de que suas pequenas jóias
serão admitidas desde cedo na vida institucional. Eles foram persuadidos pelo
mito corrente de que as crianças dessa idade precisam ser expostas a muitas
outras criancinhas para que possam ser socializadas. A verdade é que essas crianças são de fato
socializadas, mas não da maneira que muitos pais desejariam. Nós re-enfatizamos
aqui de forma diferente algumas necessidades cruciais e métodos que já
mencionamos anteriormente. Vejamos novamente como a socialização funciona.
A habilidade de se formar
relacionamentos interpessoais saudáveis é inicialmente baseada no laço mãe-bebê
- aquele relacionamento tão próximo e único que influencia tanto a mãe como a
criança muito mais do que se imaginava possível há não muitos anos atrás. O
cuidado gentil, amoroso, consistente e responsivo durante a primeira infância,
por parte tanto da mãe como do pai, alimenta e promove esse apego emocional. A
segurança, o auto-respeito, e o senso de valor próprio obtido desse tipo de
vida no lar - até que as crianças estabilizem seus valores e estejam
habilitadas a raciocinar consistentemente - lança o fundamento para uma
socialização positiva.
A criança pequena aprende
pela observação e pela imitação. Ela aprende a todo instante, quer planejemos
ensiná-la ou não. Quando ela é colocada no meio de um grupo de crianças, ela imita as outras crianças. Ela ainda não tem
condições de diferenciar o mal do bem. Na realidade, nós sabemos que ela
aprende o mal mais facilmente do que o bem. E em geral, criancinhas pequenas
claramente não são modelos de bons valores morais e sociais. Elas são
naturalmente egocêntricas. Elas ainda não
tem uma consciência bem desenvolvida. Elas se adaptam rapidamente a hábitos, atitudes,
linguagem e moral maus. Elas não conhecem o significado das regras, nem da Lei
Áurea "tudo o que quereis que os homens vos façam, assim fazei vós também
a eles". Tampouco elas entendem o que é cooperação.
Assim, mesmo algumas horas
por semana em uma pré-escola diluem o apego entre você e a sua criança e a levam
a se agarrar aos valores de seus colegas. Porque ela não tem a capacidade de
raciocinar como você, ela não entende por que você está censurando ou exigindo
explicação de seus atos. Na verdade, ela se sente mais confusa do que auxiliada
por suas reprovações e ela pode simplesmente se chatear com você. Afinal de contas,
ela pensa imaturamente que o que ela faz deve ser certo porque "todas as
outras crianças fazem isso". Assim, os seus valores vão perdendo importância
em comparação com experiência dela com os colegas. Essa dependência tão precoce
do grupo tem se tornado mais e mais comum à medida que a tendência de
escolarização precoce aumenta. Em alguns casos extremos de excessivo cuidado
grupal fora do lar, o resultado observado em crianças mais velhas é que elas não
conseguem tomar decisões ou pensar independentemente. A dependência do grupo é
um câncer social, mais difícil de remediar do que a tão temida doença. Talvez
não haja um fator limitador do potencial humano maior do que este.
Associações com outras pessoas
que não sejam da família da criança não são normalmente requisitos para o seu
desenvolvimento social. Ela necessita de bons modelos adultos para imitar -
preferencialmente os seus pais. Como qualquer pequeno animal ou passarinho, os
seus nervos e emoções frágeis desenvolvem-se melhor num ambiente simples e
calmo. Nessa idade tão tenra, ela não pode se relacionar bem nem com grupos relativamente
pequenos de crianças sem experimentar tensão. Frequentemente essa tensão torna
a criança hiper-excitada; às vezes, ela reage ficando nervosa, temerosa ou
apreensiva.
Nós não estamos sugerindo que
você deva colocar filho em um isolamento social. Uma quantidade razoável de
associação com outras crianças de vizinhos, parentes e amigos é saudável - esse
é o caso especialmente quando seu filho não tem irmãos e irmãs. Isso provê um
"espelho" no qual ele pode se enxergar e o ajuda a aprender a se
relacionar com pessoas diferentes. Mas porque ele é tão facilmente
impressionável, você deve ser seletivo com os seus coleguinhas. Muitos pais tem
aprendido tristemente e tarde demais como as crianças adquirem de outras
linguagem e hábitos maus, atitudes rudes e a prática do engano. O seu filho
provavelmente não será uma exceção sem o seu cuidado vigilante. Você deve
supervisionar cuidadosamente a sua brincadeira, não necessariamente dirigindo
ou interferindo, mas mantendo-o sempre perto o suficiente para você lhe ver e
ouvir. O tempo envolvido e o número de crianças deve ser limitado. Geralmente
seu filho irá brincar melhor com apenas uma outra criança. Uma regra básica
geral para o número máximo de coleguinhas, mesmo em uma festa de aniversário,
por exemplo, é o mesmo número de crianças que a idade do seu filho, ou seja,
três colegas para uma criança de três anos, quatro para uma criança de quatro
anos, e assim por diante.
Além do fato de que as
crianças não aprendem socialização positiva ao serem expostas a grupos grandes
de crianças como em uma pré-escola regular, há ainda forte evidência de que
elas perdem iniciativa e criatividade. E, o mais grave, as chances de que a
criança irá interpretar o ser mandada para a escolinha como rejeição por parte
dos pais é muito grande. Martin Engel, diretor do Centro de Demonstração
Nacional de Creches afirma persuasivamente que isso é verdade não importa o
quanto racionalizemos diferente. Muitas crianças se tornam emocionalmente
perturbadas de várias maneiras por essa separação precoce e forçada dos seus
pais. Professores e funcionários de creches e pré-escolas testemunham essas
mini-tragédias todos os dias, mas poucos parecem realmente compreender a
seriedade da situação. (....)
Nós compreendemos que certas
circunstâncias em muitos lares impossibilitam que a criança esteja em casa o
dia inteiro. Geralmente, a segunda melhor opção é que a criança seja cuidada em
um outro lar caloroso e responsivo. Se isto não for possível, tente encontrar
uma escola ou creche em que as circunstâncias sejam as mais parecidas com um
lar quanto possível. Deve haver os mesmos professores dia apos dia - não uma
variedade de ajudantes ou auxiliares de professor. Quando a criança se apega a
um professor favorito, e este se ausenta, a pequena criança experimenta uma
perda de apego séria. Quando essa experiência é repetida com frequência, e por
um período prolongado de tempo, muitos pequenos aprendem a não mais se apegarem
a mais ninguém. Para estes, amor e confiança são artes perdidas. Foi o que
aconteceu com muitas crianças após a Segunda Guerra Mundial que se tornaram
os rebeldes dos anos sessenta. E com muitas das crianças de hoje que se entregam
ao álcool e as drogas. Fazer e quebrar relacionamentos é muito mais prejudicial
para a estabilidade emocional da criança do que muitos pais e professores
imaginam.
Numa situação ideal, o
professor deve ter qualidades maternas e não mais do que cinco ou seis
crianças, preferencialmente de idades variadas, para dar conta. O pequeno
núcleo deve ser um tanto separado do grupo escolar maior como em uma sala ou
prédio afastado. Em um programa experimental que observamos em Melbourne,
Austrália, a cidade estava alugando casas perto das casas das crianças para
servirem de creche ao invés de construir escolas. Os quartos diferentes serviram
para acomodar melhor os grupos menores e proporcionaram uma atmosfera mais
familiar. O programa de atividades ideal deve se assemelhar o quanto possível a
um bom programa de uma mãe em casa -
envolvimento em atividades do lar, incluindo jardinagem e outros
trabalhos úteis; experiências com a natureza; descanso; e liberdade de pressões
acadêmicas.
Texto extraído do livro Home-Grown Kids, "Crianças Criadas
no Lar: Um manual Prático para Ensinar seus Filhos em Casa", de Raymond e
Dorothy Moore, (pp. 121-125). Indicados pelo mundialmente conhecido Dr. James
Dobson, os autores dedicaram suas vidas a pesquisas e publicação de livros e
artigos para a defesa e proteção do Ensino Domiciliar quando este estava em sua
fase inicial e enfrentava muita oposição, grandemente baseada nessa questão do
"mito da socialização", que os autores se empenharam a refutar com
base em inúmeras pesquisas. Hoje, os autores são aclamados como os pioneiros e
fundadores do atual movimento de Educação Doméstica. Raymond Moore é um
psicólogo do desenvolvimento cujas pesquisas sobre família e escola foram
publicadas em praticamente toda revista acadêmica no campo da educação nos
Estados Unidos e internacionalmente, além de ser conhecido na mídia por suas
entrevistas e conferências. Sua esposa, Dorothy, é especialista em leitura e em
aconselhamento para pais que desejam ensinar seus filhos em casa nos primeiros
anos.
A dependência do grupo é um câncer social, mais difícil de remediar do que a tão temida doença. Talvez não haja um fator limitador do potencial humano maior do que este.
ResponderExcluirVerdade para adultos, imagine para crianças!
Montessori abordou muito bem essa questão, já em 1907, em seu livro "A criança" e seu método pedagógico é o único que vi até agora respeitar essa necessidade natural da criança menor de 6 anos.
ResponderExcluirAs criaças nn seriam colocadas em "bolhas" seguindo essa didática? Querer evitar que a criança se fruste ou entre e contato com ideias diferentes ou situações extressantes iria criar pessoas fracas pois não conseguiriam lidar com as diferenças.
ResponderExcluirNa bíblia diz: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele." provérbios 22-6 ; em vista disso depreende-se que cabe aos pais ensinarem o que é certo ou errado mas não podem impedir que ele conheça ao longo da jornada coisas diferentes, se eles estiverem bem firmados ficarão firmes nos valores que aprenderam.