O Autor da História da Educação Cristã
Deus como o Autor da História da Educação Cristã
“No princípio, ... Deus”. Se a Bíblia nos revela o que é fundamental em sua ordem de importância,
nós temos revelado logo no seu primeiro verso o Fato principal (se poderíamos com reverência chamar Deus assim) que
originou todos os demais fatos contidos na história. Uma das grandes marcas da
veracidade da mensagem revelada na Bíblia – afirma Lloyd-Jones – é que ela
começa com Deus e nos diz que Ele criou todas as coisas. Cornelius Van Til
declara especificamente: “o conceito mais básico de todos [por trás de nosso
sistema de educação cristã] é o nosso conceito de Deus”.[1] Sendo o grande autor de todas as coisas e da história humana, o
criador da vida e a fonte de todo conhecimento, Deus foi também o autor ou
inventor da educação cristã, ou seja, Deus foi quem concebeu um ser chamado
homem, capacitou-o para que pudesse ser educado, ordenou a sua educação, proveu
os meios e os conteúdos dessa educação e prescreveu os fins a que essa educação
deveria servir.
A educação cristã fundamenta todo o seu
ensino em dois livros principais: O
livro da natureza, o universo físico; e o livro da revelação, a Bíblia. Quem
escreveu ambos foi Deus. Se Deus não tivesse escrito o livro da natureza, não
existiria sujeito nem objeto para a educação. Se Deus não tivesse escrito o
livro da revelação, não poderíamos compreender e interpretar os fatos segundo a
Sua vontade, pelo que não teríamos uma educação cristã. O Deus criador, vivo e verdadeiro é, portanto, o autor da
educação e o seu fundamento principal. E temos o indizível privilégio de
conhecer esse Deus somente porque Ele escolheu, por sua livre vontade e imensa
graça para conosco, nos revelar nesses livros algo sobre si mesmo e sobre as
suas obras, coisas que jamais poderíamos sequer imaginar.
“No princípio... Deus”. Essas são as majestosas palavras que iniciam o livro de
Gênesis. A Bíblia não diz por que existe um Deus. Ela pressupõe a existência de
Deus. Isso não é uma lacuna ou falha na revelação, mas é a própria evidência da
sua veracidade. Deus não julgou necessário dar uma explicação para a sua
existência, porque nunca foi realmente necessário justificar a existência de
Deus. O pintor de um quadro não precisa provar a sua existência; a própria obra
necessariamente revela a existência de seu autor. Talvez seja preciso ler
aquela assinatura do nome escrito no canto do quadro para conhecermos a
identidade do autor, mas apenas um louco duvidaria de sua existência. Apenas o
tolo nega a existência de um Deus que ele sabe que existe (Cf. Salmo 14:1).
Assim, o livro da natureza prova a existência do seu autor. A história
educacional que parte do Éden tem a plena certeza da existência de um Deus que
estava no princípio dessa história como o grande autor da obra cósmica e
educacional que tem Nele a sua origem, meio e fim.
O Nome do Autor
A obra da criação proclama a existência de
seu autor. Entretanto, se quisermos conhecer a identidade, as características,
o caráter desse Autor, precisamos recorrer à informação que Ele mesmo forneceu
em seu quadro e ler o nome que Ele assinou. Ele deixou o seu nome escrito em
todo lugar, mas diferente de Adão e Eva, nós perdemos a nossa capacidade de
visão. Toda a criação O revela, mas nós não temos mais olhos para ver Deus
nela: “Deus construiu o universo tão maravilhosamente que cada porção dele o
revela para o homem”,[2] afirma Pratt, que também aponta dois textos bíblicos importantes
nesse sentido, o Salmo 19:1-2 e Rom. 1:21, 32. Comentando sobre o salmo 19:2,
Calvino afirma que “se nós fôssemos atentos como deveríamos, mesmo um dia e uma
noite seriam suficientes para nos mostrar a glória de Deus... Assim não sobra
ao homem nenhum pretexto para ignorância; pois, visto que os dias e as noites
exercem para nós tão bem e tão cuidadosamente o ofício de professores, nós
podemos adquirir, se formos devidamente atentos, uma quantidade suficiente de
conhecimento sob a sua instrução”.[3] O teólogo e filósofo Abraão Kuyper fez esta interessante
observação:
“No Paraíso, antes da queda, não havia
Bíblia, e não haverá Bíblia no paraíso de glória futuro. Quando a luz
transparente brilha através da natureza endereçada diretamente a nós, a palavra
interior soa em nosso coração em sua clareza original, todas as palavras humanas
são sinceras e a função de nosso ouvido interior é perfeitamente desempenhada,
porque deveríamos necessitar de uma Bíblia?...
... Quando não há nevoeiro para esconder a
majestade da luz divina de nossos olhos, que necessidade há então de uma
lâmpada para os pés, ou de uma luz para o caminho? Mas quando a História, a
experiência e a consciência, todas declarando unidas o fato de que a luz pura e
plena dos céus tem desaparecido, e
que estamos andando às cegas nas trevas, então uma luz diferente, ou se vocês
preferirem, uma luz artificial deve
ser acesa para nós, - e esta luz Deus acendeu para nós em sua Santa Palavra. [4]
A natureza continua, como uma pintura de
Deus, a nos revelar o Artista, e ainda podemos conhecer muita coisa sobre quem
Deus é por intermédio dela, mas precisamos agora dessa “luz artificial” ou
sobrenatural que ilumina os nossos olhos e o mundo ao nosso redor, ou, no dizer
de Calvino, as lentes corretivas e apropriadas para enxergar o Criador através
da sua obra da criação. Essas lentes ou lâmpadas são as revelações especiais de
Deus sobre si mesmo, em que Ele como que soletra o seu nome, e se apresenta
para o homem como o Deus criador e soberano, como o grande Eu Sou, como o único
Senhor, como o seu professor por excelência que deve ser ouvido, crido,
obedecido, imitado e refletido pelos seus alunos.
Nessas revelações especiais, Deus como que
se abaixa para o nível do homem, e revela-se de uma maneira especialmente clara
e pessoal. No Éden, Deus falou audivelmente a sua vontade a Adão com respeito à
arvore do conhecimento do bem e do mal e à direção do seu conhecimento e
atuação no mundo. Deus se revelou de várias maneiras aos primeiros patriarcas e
aos profetas. Na plenitude dos tempos, Deus se revelou na pessoa do seu filho,
que se fez homem, habitou entre nós como o nosso grande mestre e nos declarou
toda a vontade de Deus. Hoje, portanto, Deus nos fala pelas Escrituras
inspiradas, por esse conjunto de todas essas revelações especiais que Deus fez
de si mesmo na história, as quais foram concedidas para nos dirigir a um
conhecimento verdadeiro Dele mesmo. Não há como não ler o seu nome e ouvir
sobre a sua Pessoa neste livro que Ele escreveu com letras humanas. Ele está em
todas as suas páginas, da primeira à última.
A Pessoa do Autor
Uma das primeiras e mais importantes lições
que aprendemos sobre Deus no Éden é que Ele é o Criador e o Senhor de tudo o
que existe, e que Ele é distinto das coisas que Ele criou. Deus é independente
de tudo, enquanto tudo o mais depende Dele. A Bíblia o descreve como um ser
eterno, único, que existe por si mesmo, independente, absoluto, totalmente
suficiente em seu próprio ser. Deus é infinito em seu ser e perfeições e é
imutável, visto que o que é perfeito não tem como mudar para melhor ou pior.
Ele é onipotente, onisciente e onipresente. É um ser pessoal, único, mas que
existe em uma pluralidade de pessoas – como é evidente já em Gênesis 1:26, onde
encontramos o verbo na forma plural: “Façamos,
pois, o homem à nossa imagem...” – as quais o restante das Escrituras
identifica como o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ou a Trindade divina. Deus é
ainda um espírito puro, portanto incorpóreo e invisível, a não ser na pessoa
divino-humana de Jesus Cristo, o Filho. Somente o cristianismo bíblico
apresenta um Deus pessoal e auto-suficiente e essa concepção básica da visão de
mundo cristã tem implicações para todas as áreas da vida e do pensamento, para
a história e para a filosofia da educação. A implicação básica é que, por ser
quem é, Deus é Senhor e Soberano absoluto da História da Educação e tem todo o
poder e todo o direito de decretar e dirigir todo o curso da vida humana no
mundo de acordo com o conselho da sua própria vontade.
A Pessoa de Deus e a História da Educação
O
Deus da Bíblia que se apresenta ao homem no Éden como criador e soberano é o
pressuposto principal e o Fato mais
importante da educação cristã, tanto no sentido histórico como filosófico.
Historicamente, a origem da educação humana é encontrada em Deus, nos seus
pensamentos, contidos e esquematizados em seus decretos eternos. Ele tinha um
projeto e alvo educativo que Ele transmitiu para o homem que criou, mas Ele não
é como os deuses pagãos ou como o deus impotente do arminianismo cujos planos
são condicionados pela vontade humana. O Deus criador revelado no Éden é também
o Deus da providência, aquele que controla, através de suas leis, toda a
história humana segundo a sua vontade soberana, sendo capaz de fazer cumprir
cada um dos seus intentos: “Somente a fé reformada sustenta a idéia bíblica de
um Deus que, desde toda a eternidade, é soberano, que sabe o que quer e é capaz
de atingir o seu alvo sem sombra de dúvida. Somente essa posição pode desafiar
o não-cristão no campo da educação”.[5] Ainda em seus importantes “Ensaios” educacionais, Van Til faz uma alegoria
comparando a história humana a um navio dirigido por Deus:
Deus está no controle da história e tudo o
que acontece, acontece por causa de sua determinação última. (...) Deus é o
capitão do navio. Ele fez o navio e ele controla o vento e os mares. Ele
escolheu os marinheiros. Ele lhes ofereceu uma rica recompensa no final da
jornada. Ele fará o navio chegar ao seu destino.[6]
Deus
tinha um plano educacional para Adão no Éden e para a humanidade que
descenderia dele, e Ele irá realizar cada um de seus decretos eternos, apesar
das limitações humanas e mesmo apesar do pecado. Essa é a segurança e o
fundamento da história educacional cristã: em que ela se baseia nos propósitos
eternos de Deus para o homem e para o mundo. A educação cristã está firmada
exatamente no fato de que o Deus do Éden não precisa de educação. Não há nada
desconhecido para ele. Nada o limita, e os seus planos não podem mudar. Ou o
Deus da Bíblia ordena a educação do homem, como assevera a educação cristã, ou
o homem ordena a educação de Deus, como o faz a história educacional secular,[7] cujos deuses são determinados pelos caprichos e filosofias humanas
da época. Machen esclarece:
Por trás de todos os eventos da história
humana, por trás de todas as mudanças na inconcebível vastidão do universo, por
trás do próprio espaço e do tempo, existe um propósito misterioso dAquele para
quem não existe antes ou depois, aqui ou além, para quem todas as coisas são
presente e diante de quem todas as coisas estão descobertas e patentes, o Deus
vivo e santo.[8]
Machen nos lembra ainda que esse propósito eterno de
Deus abraça tudo, tanto as coisas grandes como as pequenas; os grandes eventos
educacionais como os pequenos. O mesmo Deus que decretou e levou a efeito a
educação de Moisés no Egito, a de Daniel na Babilônia, a formação do apóstolo
Paulo e a explosão das escolas cristãs após a reforma protestante, também
ordena os pequenos começos de nossas escolas, capacita cada um de nossos
professores, motiva cada um de nossos esforços de glorificá-lo por meio da
educação, e realiza os seus planos redentivos e de promoção do seu reino por
meio de eventos aparentemente insignificantes. Sempre que virmos, na história,
jovens sendo educados na visão de mundo cristã, e aplicando as verdades de Deus
ao seu conhecer, lembremo-nos sempre de que eles não chegaram ali pela sua
razão ou inteligência, nem pelo mero esforço de seus pais, mas porque Deus está
agindo neles e por meio deles.
Ninguém se engane, nem desanime: a história
educacional cristã é a obra de Deus na história. Ela se baseia em fatos históricos,
muitas vezes sobrenaturais. A história da filosofia educacional crista não é a
evolução de um ponto de vista, como o são as filosofias seculares; ela é uma
implicação das verdades e das obras de Deus na história do seu povo. Como disse
alguém, Cristo está pessoalmente envolvido nessa obra! O Deus que se revela na
Bíblia como o criador dos céus e da terra é soberano Senhor de toda a história
e de toda a nossa história educacional, controlando todos os acontecimentos e
circunstâncias de nossa vida, do aprendizado cristão que recebemos de nossos
pais, ao curso vestibular que passamos, para o bem do seu povo, para a promoção
do seu reino, para a consumação do seu plano e para a sua própria glória.
A Pessoa de Deus e a Filosofia da Educação
Também a filosofia educacional cristã
baseia-se totalmente nesta concepção de um Deus absoluto e pessoal, que é
distinto e independente do mundo natural e que não se confunde com um princípio
impessoal, com uma causa racional que precisa ser provada, nem com um ideal universal.
O Deus do Éden é criador e infinito, e tudo o mais é finito e limitado, tendo
sido criado por Ele e estando total e inteiramente sujeito a Ele. Deus é,
portanto, o princípio da filosofia
educacional cristã. Porque esse Deus pessoal que se revela na Bíblia concebeu e
ordenou a educação do homem, inventou e iniciou o processo educacional
educação, a educação cristã, assim como a educação do Éden, tem o seu ponto de
partida em Deus, e pode ser chamada, nesse sentido, de Téo-referente:
Isto não significa que o fator humano seja
“ignorado em algum sentido, mas ele não é o ponto de partida. O que pensamos
sobre Deus indica o que fazemos no campo da educação” (...) considerando que
Deus iniciou o processo de comunicação e a busca de comunhão com o ser humano,
a educação cristã encontra nele sua motivação e orientação no esforço de levar
as pessoas a responderem corretamente a ele.[9]
O pensamento fundamental subjacente a tudo
que gostaríamos de dizer sobre educação é que Deus é o mestre por excelência.
Ele é quem estabelece toda a verdade; ele é quem deseja que os homens conheçam
a verdade; ele nos concede mentes curiosas e reflexivas para buscarmos a
verdade, compreendê-la e usá-la; ele nos concede o supremo privilégio de
trabalhar em parceria com ele no processo de ensinar e aprender.[10]
Deus é também o meio ou a norma da
filosofia educacional cristã. Por ser quem é, o Deus do Éden e da Bíblia tem
toda a autoridade para prescrever como a educação do homem deve se realizar. A
sua palavra revelada é a palavra final em toda disputa educacional; a sua lei é
a norma e o critério para toda decisão pedagógica e para a própria compreensão
do mundo. A seleção de conteúdos, as práticas e métodos de ensino, os
relacionamentos escolares, tudo precisa ter o “amém” de Deus, precisa estar de
acordo com a vontade de Deus revelada em sua palavra, e precisa ser realizado
por meio dEle, ou seja, na força que Ele supre, pois Deus sempre concede força
e capacita-nos a realizar aquilo que ele nos ordena e que está de acordo com a
sua agenda. Por estar, no que se refere às suas normas, centrada na pessoa de
Deus e na Sua lei, a filosofia educacional cristã é chamada de teocêntrica, em contraste com as
filosofias antropocêntricas (que ignoram a Deus e têm como norma e centro o
homem e a sua vontade):
Enquanto a educação secular suprime questões
espirituais, se esforça por manter Deus fora da sala de aula e,
consequentemente, da vida dos professores e alunos, a educação cristã enfatiza
que o “temor de Deus é o princípio do conhecimento” (Pv. 1:7). A perspectiva
cristã de educação é, ao mesmo tempo, teocêntrica e teo-referente. Teocêntrica
porque a existência de Deus, seus atributos e sua interação com o mundo criado
tornam-se pontos de partida para o entendimento do educador cristão acerca da
realidade que o cerca e da qual ele faz parte. Majestade e misericórdia de
Deus, por exemplo, são verdades centrais nas abordagens sobre geografia,
história, ciência, ética e outras matérias. Seria incoerente para o educador
cristão discutir metafísica, biologia ou qualquer outra disciplina à parte da
realidade da existência, soberania e providência de Deus.[11]
Deus é também o fim ou propósito da
filosofia educacional cristã, a qual busca sempre colocar Deus diante das
crianças e as crianças diante de Deus; Deus está sempre presente na sala de
aula, no ensino de cada disciplina, estando todos os assuntos relacionados a
ele. Somente quando a pessoa de Deus recebe o peso devido a ela na educação é
que esta é capaz de glorificar a Deus.
Assim, porque ela entende que o mundo e tudo o que ele contém, incluindo
a educação, não pode ser entendido à parte da existência de Deus,[12] e porque os fatos estudados pela educação são unificados e
encontram seu sentido último em Deus e não em esquemas humanos, a filosofia
educacional cristã pode ser chamada de teísta:
Há apenas uma
filosofia capaz de unificar a educação e a vida. Essa filosofia é a filosofia
do teísmo cristão. O que se faz necessário é um sistema educacional baseado na
soberania de Deus, pois em tal sistema, tanto o homem quanto o estudo da
química serão colocados em seu devido lugar, nem tão elevados, nem tão baixos.
Em tal sistema haveria um propósito último para o homem, que serviria para
unificar e para servir de critério em todas as suas atividades. Faz-se
necessário uma filosofia que esteja em consonância com o maior credo da
cristandade, a Confissão de Fé de Westminster. Em tal sistema, Deus,
assim como o homem, teria seu lugar apropriado. Somente isto fará a educação
bem-sucedida, pois a desintegração social, moral, política e econômica de uma
civilização não é nada mais que o sintoma e o resultado de um colapso
religioso. As abominações da guerra, da peste e da catástrofe econômica são
punições pelo crime, ou melhor, pelo pecado que é o esquecer-se de Deus.[13]
A centralidade da pessoa de Deus tem
infinitas implicações para a filosofia educacional cristã, mas elas podem ser
resumidas no fato de que, diferentemente da educação que rejeita ou ignora a
Deus, a educação cristã põe a criança face a face com este Deus. Ela trata a
criança como uma personalidade que deve refletir a pessoa de Deus. Ela põe a
criança num universo pessoal em que cada fato criado, incluindo o ser humano,
revela e reflete as leis e a vontade de Deus. Ela cerca a criança de um ambiente
moral em que as leis de Deus (espirituais, morais, sociais, estéticas, etc.)
são supremas. Ela coloca o aluno em plena dependência do Deus único e
verdadeiro, que é a motivação, o padrão e o alvo de toda a sua vida e educação.
O Conhecimento do Autor
Como seria de se esperar em uma Pessoa que
é absoluta e ilimitada, o conhecimento divino é também perfeito e ilimitado.
Ele conhece e interpreta os fatos antes que eles ocorram, porque, na realidade,
ele determina todos os fatos e
acontecimentos de acordo com a sua vontade soberana, sábia e perfeita, que visa
a sua própria glória. Ele conhece o fim desde o princípio, porque ele ordenou
desde a eternidade o princípio, o meio e o fim de todas as coisas,
acontecimentos e suas inter-relações. Ele é soberano e executa toda a sua
vontade livremente, sem que ninguém o possa resistir. Além de possuir um
conhecimento absoluto e perfeito, Deus é caracterizado pela sabedoria, aquele
tipo de conhecimento correto, útil e bom, do qual Ele é a própria fonte e
personificação. A sabedoria divina brilhava no contexto da criação e permeava e
dirigia também a educação excelente do homem no Éden. No livro de Provérbios, a
sabedoria personificada assim descreve a sua presença no início do mundo e da
história educacional do homem:
O SENHOR me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais
antigas. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do
começo da terra. Antes de haver abismos, eu nasci, e antes ainda de haver
fontes carregadas de águas. Antes que os montes fossem firmados, antes de haver
outeiros, eu nasci. Ainda ele não tinha feito a terra, nem as amplidões, nem
sequer o princípio do pó do mundo. Quando ele preparava os céus, aí estava eu;
quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de
cima; quando estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu
limite, para que as águas não traspassassem os seus limites; quando compunha os
fundamentos da terra; então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após
dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo;
regozijando-me no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com os
filhos dos homens. (Provérbios 8: 22-31)
Não somente a sabedoria é proveniente de
Deus, como também não podemos sequer falar em “conhecimento” à parte de Deus.
Conhecimento não é uma abstração ou um conceito geral, superior e independente
de Deus; ele se origina e provém de Deus de maneira que a Sua mente é a fonte
da verdade sobre todos os fatos. Van Til explica que a verdade não é uma
abstração à qual tanto Deus como o homem estão sujeitos. A verdade tem sempre
relação com uma mente ou se torna abstrata e sem sentido, e ela não procede da
mente humana, mas da mente de Deus.[14] Por isso é que dizemos que toda a verdade é de Deus. Sim, todo o
conteúdo da educação – toda a verdade – é de Deus.
Este autor prossegue explicando que Deus é
incompreensível para nós, mas não para si mesmo. Nós sequer compreendemos a nós
mesmos e o mundo visível ao nosso redor. Mas Deus “conhece o seu próprio ser em
suas profundezas em um só ato eterno de conhecimento... nesse sentido o
conhecimento de Deus é totalmente diferente do nosso. Nós nunca podemos
conhecer as profundezas do nosso ser. (...) O conhecimento de Deus é tão
incomunicável quanto o seu ser”.[15] O conhecimento de Deus é absoluto e está totalmente contido Nele,
em contraste com conhecimento humano que é dependente de Deus ou derivado do
conhecimento divino; contudo o conhecimento humano é da mesma natureza do
conhecimento divino, ou seja, é análogo ou de Deus. Se o conhecimento humano
fosse totalmente diferente em sua natureza, não haveria possibilidade de
conhecermos a verdade de Deus. Assim, a educação cristã reconhece e ensina que
Deus é a fonte da verdade e que a própria lógica humana não legisla, mas
precisa se submeter à lógica de Deus e ao raciocínio de Deus para que possa
descobrir a verdade. Todos os fatos da educação cristã têm Nele a sua origem e
interpretação.
O fato do Deus da Bíblia ser um Deus que
conhece todas as coisas e que é infinitamente sábio em seus pensamentos,
intentos e ações constitui tanto um fundamento como um instrumento para a
educação. Fundamento na medida em que estudar as ciências, história, etc., é
estudar a sabedoria divina revelada na sua criação e na providência. E um
instrumento visto que, sendo Deus o Senhor de todo conhecimento verdadeiro e de
toda sabedoria, só Ele pode conceder aos homens esses dons essenciais ao
crescimento educacional. O conhecimento da verdade e a sabedoria não estão
dentro dos alunos, mas devem ser buscados com esforço e diligência nAquele que
é a única fonte de todo o bom e verdadeiro conhecimento:
Se clamares por inteligência, e por
entendimento alçares a voz, se buscares a sabedoria como a prata e como a
tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor e acharás
o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem a
inteligência e o entendimento (...) Porquanto a sabedoria entrará no teu
coração e o conhecimento será agradável à tua alma. (Provérbios 2:3-6, 10)
O Caráter do Autor
O autor da educação cristã é apresentado na
Bíblia também como um ser moralmente santo, verdadeiro, fiel, bom, amoroso,
gracioso e justo. Mesmo o Éden nos revela os aspectos principais do caráter
moral desse Deus pessoal: na constatação divina de que tudo o que criara era
bom; na perfeição e harmonia das coisas criadas; no amor de Deus manifestado em
seu relacionamento com o homem, dando-lhe tudo o que era necessário para sua
felicidade; na veracidade de suas palavras e revelações; e ainda na justiça dos
mandamentos de Deus.
A absoluta santidade de Deus é a somatória
de todos os seus atributos morais e consiste na única fonte da moralidade
cristã, que é, por isso, imutável. Por isso a educação cristã afirma que não pode
haver valores morais constantes à parte da religião, pois nada menos que a
santidade de Deus pode determinar o que é absolutamente bom e santo para vida
humana. Desta feita, uma educação que se proponha a valorizar os princípios
morais precisa partir do fato de que é a perfeição imutável do Ser divino quem
os estabelece e que não se pode esperar que os alunos pratiquem uma moral sã à
parte da dependência da graça e da bondade do único doador da santidade.
De especial importância educacional é o
atributo divino da veracidade. Ela significa que o ser divino é único e real,
que o seu conhecimento é perfeito e infalível, e ainda que Ele é fiel em seus
relacionamentos, palavras e promessas. Esse atributo de Deus ainda garante a
confiabilidade do conhecimento humano, a validade da informação dos sentidos e
das instituições da razão e da consciência, e principalmente a confiabilidade
das palavras inspiradas.[16]
O inabalável equilíbrio entre o perfeito
amor e a perfeita justiça de Deus distingue o Deus da Bíblia de todos os falsos
deuses de todas as épocas, sustenta o seu governo soberano, inspira as suas
leis e permeia a sua inescrutável providência, como aquela que puniu o seu
próprio filho por amor de pecadores caídos. Finalmente, a união de todos os
atributos de Deus gera o que a Bíblia chama da glória de Deus, a qual demanda dos homens sempre o louvor, a
adoração e a obediência em todas as suas ações. Por ser quem é, Deus deve ser
cultuado e servido, e não há propósito mais supremo para a educação cristã do que
o louvor da glória de Deus. O teólogo e
educador Jay Adams explica que glorificar a Deus na educação:
... é atribuir a Ele o peso total ou a
devida importância de todas as qualidades que Ele já possui. É atribuir a Ele
tudo que Ele realmente é. E fazer tudo (incluindo matemática) para a glória de
Deus significa fazer o que quer que seja de tal maneira que a totalidade do
peso do relacionamento de Deus com isto seja reconhecido. Glorificar a Deus
significa, portanto, fazer Deus pesado ou importante à vista de alguém ou para
os olhos de outros, ou ambos.[17]
O Autor na História
Há ainda uma observação fascinante sobre
Deus no Éden: ali aprendemos que o Autor da história educacional participa pessoalmente da história humana. Na
pessoa do Filho, Deus se faz presente no princípio, no meio e no fim da
história da educação. A Segunda Pessoa da Trindade divina adentra a história
humana como mediador entre Deus e o mundo. Ele é, pessoalmente, o princípio de
todas as coisas. Ele era o conselheiro da Trindade que, reunida, resolveu: “Façamos...”
(Gn.1:26). Ele é a Sabedoria em Pessoa falando em Provérbios 8:22-31. Ele é o
Alfa, a primeira causa, o princípio, o começo (Apocalipse 1: 8,17). Ele esteve
presente no primeiro ato de criação[18] e continua presente em toda história humana.
Ele adentraria o espaço e o tempo bem no
centro da história, mas estava presente desde o seu começo, assim como estará
no seu fim. Jesus Cristo, antes de encarnar, era o próprio Verbo, a própria
Palavra de Deus, que chamou a luz e todas as demais coisas à existência. (João
1:3) Ele é quem sustenta todas as coisas com o seu poder: “Nele tudo subsiste”
(Colossenses 1:17). Sabemos também que o Filho de Deus é o iniciador e o
mediador de todo pacto ou relacionamento que possa ser feito entre Deus e os
homens. Ele é a própria vida prometida e representada na “árvore da vida
plantada no paraíso de Deus”, e a fonte de toda vida natural, espiritual e
eterna.
Deus, o Filho, é também o Ômega, o fim, o
propósito da existência de todas as coisas e o alvo a que todos os acontecimentos
se dirigem. Ele é o fim de toda atividade humana. E mais, Ele é pessoalmente O Fim com o qual tudo e todos haverão de
se encontrar no final da história e prestar contas. Deus, o Pai, quis que tudo
existisse por causa dele, por meio dele e para ele, que tudo se reunisse nele,
que tudo servisse para a sua glória e para a sua exaltação (Rm. 11:36). Jesus
Cristo permanece para sempre como o verdadeiro governante e herdeiro do mundo
criado. A educação só é teocêntrica quando ela eleva Aquele a quem o Pai
elevou, ou seja, quando ela se centra em Cristo. Qualquer educação que se
proponha a ser verdadeiramente cristã precisa tê-lo como seu centro e Senhor;
como seu princípio, meio e fim; precisa ter olhos para ver Cristo no Éden e na
sala de aula, para ensinar Cristo em toda disciplina, para servir e agradar a
Cristo em todos os seus intentos.
Ao deixarmos esse capítulo, concluímos com
uma citação do teólogo Herman Bavink em sua Paedagogische
Beginselen, que parece incluir e relacionar todas as aplicações que temos
feito sobre a importância 1) da visão do início da história, 2) da revelação e 3)
da pessoa de Deus como princípios fundamentais da educação cristã-reformada:
A Bíblia é o livro que orienta o homem
também no mundo presente. Isso é evidente se alguém simplesmente lembrar que a
Escritura nos fornece uma visão da natureza que não pode ser equiparada por
qualquer outra; que ela apresenta uma explicação da origem, da essência, e dos
destinos dos homens que tem sido buscada em vão pela ciência e pela filosofia;
que ela nos dá um guia para a história do mundo e da humanidade sem a qual
ficaríamos perdidos em um caos de eventos. E tudo isso a Escritura nos apresenta
de uma forma que é apropriada para eruditos e simples, para idosos e crianças.
Aquele que é intruído nas Escrituras e é educado por ela, é levado a uma
posição vantajosa da qual ele contempla a grande totalidade das coisas. O seu
horizonte se estende até os confins da terra. Ele abrange em seu pensamento o
começo e o fim da história. Ele sabe o seu próprio lugar na história, porque
ele vê a si mesmo e a todas as coisas primeiramente em sua relação com Deus, de
quem, por quem, e para quem todas elas são.[19]
Aplicação Educacional Sobre a Pessoa de Deus como Autor da Educação
Pressupostos
e Princípios:
-
A existência do Deus pessoal que se
revela na Bíblia é o pressuposto essencial da educação cristã. A Pedagogia
cristã não precisa se preocupar em provar para ninguém a sua existência. No fundo,
todas as pedagogias seculares sabem que Ele existe e estão, como tolos,
enganando a si mesmas e aos seus seguidores dizendo que não há Deus. Elas têm
se extraviado e se tornado inúteis. Que a nossa teoria pedagógica declare
destemidamente o nome do Deus Criador, e apegue-se com firmeza à palavra da
revelação e à visão de mundo teísta, téo-referente e teocêntrica.
-
A pessoa de Deus é o alicerce da educação
cristã. A existência do Deus pessoal e absoluto da Bíblia é o fundamento da
filosofia educacional cristã. Solano Portela afirma que o ser, a existência, o
conhecimento, o caráter, a lei, e o propósito de Deus são, por sua vez, o
alicerce ontológico, metafísico,
epistemológico, ético, nomístico e teleológico da educação[20]. Isso significa que
todas as nossas teorias e práticas se derivam desses pressupostos ligados à
pessoa de Deus. A singularidade e a dignidade do aluno, a possibilidade e a
unidade do conhecimento verdadeiro, o conteúdo de nosso currículo, a existência
de uma lei objetiva e de valores absolutos, a necessidade da disciplina e a
afirmação de nossos alvos educacionais, todas essas coisas estão firmadas na
pessoa de Deus. E se a educação cristã e a educação não-cristã discordam em seu
fundamento e pressuposto principal, não pode haver muita coisa em comum entre
nós. Na realidade, o pensador Cornelius Van Til diria que nós não temos nada em
comum, nem um porcento, e devemos ter muito cuidado em nosso relacionamento com
a pedagogia secular! Seja qual for o contato que tivermos com ela - o que para
nós, educadores brasileiros, é constante e inevitável, seja em nossos cursos de
pedagogia, em nossos livros didáticos, com nossos colegas de profissão, etc. –
devemos ter sempre em mente essa diferença, essa antítese essencial, tanto para
não adotarmos impensadamente idéias e práticas que ignoram ou rejeitam o nosso
Deus, como para testemunharmos dEle mantendo nossa confissão e procedimento firme
e consistente diante do mundo incrédulo. Nós devemos ser, como educadores, sal
na terra e luz no mundo, e que comunhão pode haver entre a luz e as trevas,
entre a educação teo-referente, teocêntrica e teísta, e a educação humanista,
antropocêntrica e idólatra?
-
Como autor da educação, Deus tem um plano
educacional para cada pessoa e situação histórica, e a pedagogia cristã deve
buscar compreendê-lo. Nosso programa precisa estar alinhado ao Dele. As
implicações desse princípio são muitas: 1) A filosofia educacional cristã deve
buscar compreender o plano e projeto educacional de Deus, não inventar os seus
próprios esquemas. Ela busca identificar e imitar o plano de Deus, pois só
assim será bem-aventurada e bem sucedida no que realizar. 2) No final das
contas, só o plano de Deus será realizado. Será inútil batalhar para
estabelecer algo diferente da vontade de Deus. Ou esse projeto não irá avante,
ou no fim esses esforços serão perdidos. Se, contudo, estamos conscientemente e
concordemente agindo do lado de Deus, podemos estar certos de que o Deus
soberano e todo-poderoso nos abençoará, e as obras das nossas mãos serão
estabelecidas. 3) E mais, se afirmamos que o próprio Deus participa
pessoalmente da história humana, estando presente no início, no meio e no fim
de cada empreendimento educacional cristão, e sendo cada um de nós personagens
no meio dessa história, abarcados pelo plano de Deus, então podemos estar
certos de que Deus está presente, na pessoa de seu filho e de seu espírito,
agindo na educação do seu povo, em nós e por meio de nós. Ele se preocupa pessoalmente
com a nossa educação. 4) Se o plano de Deus é centrado em Cristo, na bendita
Pessoa divina que adentrou a história humana para redimir o homem e sua
educação, então o projeto educacional cristão coletivo e individual deve estar
centrado em Cristo, deve buscar enxergar a sua presença a cada momento educativo,
deve ouvir a sua voz e imitá-lo em tudo.
-
A pedagogia cristã deve pôr o aluno face
a face com Deus. Ela faz isso quando vê a Deus como o fato principal e
todos os demais fatos educacionais como originados e dependentes dEle. A
educação invariavelmente se ocupa com fatos (ontológicos, psicológicos,
relacionais, cognitivos – na teoria educacional; e históricos, numéricos,
lingüísticos, etc. – no conteúdo curricular ) e todos devem ser devidamente
relacionados a Deus. Ele deve ser reconhecido e exaltado como o criador e
mantenedor de todos os fatos, como quem tem a autoridade de ordenar o modo de
funcionamento de cada fato, como aquele que chama as coisas à existência, sendo
a própria fonte da vida, da sabedoria, da luz, da Palavra, e do verdadeiro significado
de tudo o que existe. Portanto, seja no ensino curricular, nos relacionamentos
escolares, no desenvolvimento de atitudes, na administração da disciplina, na
elaboração e imposição das regras escolares, o aluno deve ser sempre
confrontado com a existência, com a presença, com a vontade, com o
conhecimento, com as leis e com a verdade de Deus.
Direcionamentos
Práticos:
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Não busque provar para seus alunos (como se eles devessem chegar a essa
conclusão por sua razão ou julgamento crítico) que existe um Deus, mas afirme
ou pressuponha a existência de Deus. Eles sabem que Deus existe. A criação
proclama a existência do seu autor. E use frequentemente textos como o Salmo 14
e Romanos 1 que declaram a tolice e a perversão que é o negar a Deus.
-
Refira-se sempre a Deus como uma pessoa, ou seja, um ser com racionalidade,
sabedoria, vontade, sentimentos, atributos morais, e mostre como toda a sua
criação, (especialmente nós, como seres pessoais) reflete e revela seus
atributos pessoais. Recentemente ouvi uma série de palestras sobre nutrição
proferidas por uma aclamada professora norte-americana, em que ela fazia
frequentes afirmações como “a mãe natureza sabia que...”, “a natureza colocou
esse nutriente...”, “a natureza nos fez com a capacidade de ...”, e num momento
ela chegou a dizer: “a mãe natureza, em sua infinita sabedoria...” Você percebe
o contraste entre a educação secular e a cristã? Sem poder negar a imensa
sabedoria revelada no funcionamento do corpo humano e dos componentes
nutricionais encontrados na criação, essa professora falhou em não atribuir
essa qualidade à Pessoa Divina que a estabeleceu. A teoria da evolução faz
exatamente isso: ela atribui toda a ordem, a verdade, a personalidade, a
inteligência que há no mundo à algo impessoal, ao acaso. Como educadores cristãos,
nós precisamos ver e declarar a racionalidade, a moralidade, a vontade e os
próprios sentimentos de Deus em todos os fatos educacionais.
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Enfatize para as crianças, sempre de maneira positiva, a autoridade de Deus e
de sua Palavra sobre a nossa vida. Sempre que os seus alunos lhe fizerem a
pergunta: Por quê? (Por quê isso funciona assim? Por quê isso é bom? Por quê
isso é verdadeiro? Por quê isso é justo? Por quê eu devo agir assim?) responda-lhes,
em última instância, apontando para a pessoa de Deus: Porque Deus fez assim.
Porque Deus julga que é bom. Porque Deus diz assim. Que seus alunos aprendam
assim a relacionar a explicação de todas as coisas à Deus.
-
Cuidado para nunca ignorar, nem rejeitar, nem diminuir a importância de Deus e
do seu relacionamento com cada assunto/fato curricular. Busque, em cada assunto
ensinado, relacionar esse aspecto da criação com Deus como o autor de toda a
verdade. Que a totalidade do peso do relacionamento de Deus com a matemática,
com a botânica, com os agentes comunitários,
com os astros celestes, com as instituições humanas seja reconhecido.
Glorificar a Deus na educação requer nada menos do que isso.
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Encare um aspecto de seu trabalho de professor/administrador/supervisor como
sendo o de colocar seus alunos, professores ou colegas face a face com Deus:
com seus atributos gloriosos, com a sua glória revelada na criação, com sua
vontade revelada nas leis naturais e nos mandamentos bíblicos, como dependentes
dele para sua motivação, padrão e alvo de toda a sua vida a educação. Não tema
orar com eles, no início, no meio ou no fim de uma aula, reunião ou encontro
ocasional. Não tema cantar um hino ou canção de louvor diante da glória dos
atributos de Deus estudados numa matéria. Não tema agradecer a Deus pela sua
presença e revelação no âmbito educacional.
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Veja-se a si mesmo em sua posição de educador e a cada um de seus alunos como
decretos vivos de Deus a desenrolarem-se na história, como parte do seu plano
eterno e poderoso. Em vista de seus fracassos, não se desespere; em vista do
seu sucesso, não se orgulhe. Em vista de uma circunstância difícil ou de um
problema complicado, lembre-se de que eles foram especificamente decretados por
Deus para este exato momento e com um propósito bom. Em face de um aluno
excepcionamente debilitado, quem sabe surdo, altista ou cego, saiba que foi
Deus quem o pôs nas suas mãos para o bem dele e seu. Não creio que haja uma
verdade mais libertadora e confortante para o educador cristão do que a da
pessoa soberana e bondosa de Deus. Coloque cada aula e situação nas mãos de
Deus e peça que Ele se faça presente e aja; e ore para que Deus use seus
esforços de acordo com o seu plano e para a sua glória.
[1] Van Til, Cornelius. Essays on Christian Education (Ensaios sobre Educação Cristã) (Phillipsburg: Presbyterian and
Reformed Publishing Co., 1979), p. 39.
[2] Pratt, Jr., Richard L. Every Thought Captive (Todo Pensamento Cativo) (Phillipsburg: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1979),
p. 13.
[3] Calvino, João. Beeke, Joel R. (Ed.) 365 Days with Calvin (356 dias com
Calvino) (Grand Rapids: Reformation Heritage Books & Day One Publications,
2008),10 de fevereiro.
[4] Kuyper, Abraham. Calvinismo
(São Paulo: Cultura Cristã, 2002), p. 66.
[5] Van Til, Essays,
p. 81.
[6] Ibid., p. 85.
[7] Ibid., p. 131.
[8] Machen, The Christian View of Man,
p. 34.
[9] Santos, Valdeci. Educação cristã: conceituação teórica e implicações
práticas. In: Matos, Alderi; Lopes, Augustus, et al (orgs). Fides Reformata: Edição especial – Educação.
(Revista do Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper (CPAJ), vol. XIII, no
2. São Paulo: Editora Mackenzie, 2008), p. 164.
[10] Bayne, Stephen. God is the teacher. In: FULLER, Edmund (org). The Christian idea of education.
(New Heaven, Connecticut:Yale University
Press, 1975), p. 255.
[12] Clark, Gordon H. A Christian Philosophy of Education. (Uma Filosofia Educacional
Cristã) (Jefferson: The Trinity Foundation, 1988), p. 23.
[13] Ibid., p. 21-22
[14] Van Til,. Christian Apologetics,
p. 10
[15] Ibid., p. 6.
[16] Hodge, A. A. Confissão de Fé de Westminster
comentada por A. A. Hodge. (São Paulo: Os Puritanos, 1999), p. 84.
[17] Adams, Jay E. Back
to the Blackboard: Design for a Biblical Christian School. (Phillipsburg: Presbiterian and Reformed
Publishing Company, 1982), p. 23.
[18] A sabedoria personificada em provérbios 8:22-31 é frequentemente
associada com a pessoa do Filho, e assim sendo, temos neste provérbio uma
maravilhosa descrição da participação de Deus, o Filho, na obra da Criação e no
início da história humana.
[19] Engelsma, David J. Reformed Education, p. 25-26.primeira citação?
[20] Cf. Fides, p. 149.
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