O Ressurgimento da
Educação Clássica
A excitação
das sociedades contemporâneas que abandonaram os métodos tradicionais em busca
de uma educação mais moderna e progressista não durou muito. As propostas
construtivistas de Dewey e de outros progressistas e cientificistas foram
rapidamente colocadas em prática especialmente nos Estados Unidos, que começou
a usar a educação como propulsora da corrida tecnológica pela formação de profissionais que apoiassem a sua economia capitalista, e como difusora das novas ideologias
liberais e secularizadas. A ironia é que países de terceiro mundo, de tendências socialistas e
comunistas - como o Brasil - se enamoraram das mesmas correntes e técnicas pedagógicas para
inculcar em seus alunos um ideal de oposição ao pensamento liberal ocidental e
de defesa dos ideais sócio-políticos marxistas. A afinidade entre esses grupos contra a educação
clássica provém do fato de que verdades absolutas, pensadores independentes e
pessoas com uma formação integral constituem uma ameaça para ambos os sistemas.
Os métodos
progressistas foram testados nos Estados Unidos especialmente no século XX e
XXI. A partir das décadas de 60 e 70 algumas vozes já apontavam para a
defasagem intelectual dos alunos formados nesse novo sistema. Em 1947, a
classicista Dorothy Sayers escreveu o artigo "As Ferramentas Perdidas da
Aprendizagem". Livros como "As Sete Leis do Ensino", de John Milton
Gregory foram republicados. Pais começaram a tirar os seus filhos da escola e
ensiná-los em casa pelos métodos que tinham aprendido com seus pais e avós. Um
renascimento educacional estava às portas, e o movimento pela educação clássica
surgia nos Estados Unidos em resposta e denúncia ao fracasso acadêmico das
escolas modernistas. Com o respaldo do governo, as escolas públicas progressistas
continuaram indo de mal a pior, e escolas privadas tradicionais, além do
movimento de homeschooling, deram
impulso ao movimento atual pela educação clássica, mais individual, e mais
acadêmica. Pais começaram a pesquisar por si sós o que havia de melhor para
seus filhos e muitos encontraram a solução de seus problemas nos métodos e
materiais clássicos. E esses alunos começaram a se destacar acadêmica e até
moralmente em comparação com os provenientes das escolas públicas modernas.
Como acontece
em outros países de terceiro mundo, o Brasil está bem atrasado na implementação
dessas mudanças. Os nossos cursos de pedagogia agora que estão defendendo e
buscando implementar aquela educação progressista que tem se demonstrado um
verdadeiro fracasso acadêmico nos Estados Unidos e em outros países de
vanguarda. Mas isso realmente não incomoda o nosso governo, a não ser quando o
Brasil é apontado como os últimos das listas mundiais no quesito acadêmico. Nossas
autoridades políticas, pedagógicas e sociais
parecem ter como seu ideal crianças e jovens iletradas, impensantes, sem
poder, desinformadas, acríticas, seguidoras dos ditames da moda, da mídia, e de
estadistas com viés ditatoriais e corruptos, a julgar pela falta de bons livros
nas escolas, pelos ridículos programas "culturais" da mídia, e pelas
ênfases ideológicas dos parâmetros curriculares nacionais.
Contudo, também
em nosso país, alguns pais conscienciosos têm se incomodado com esta situação.
Eu gostaria de poder dizer que estes pais que tem se levantado contra esse
problema são em sua maioria cristãos, mas, assim como nos EUA, não tem sido
sempre assim. Muitos destes pais são simplesmente pessoas de bom senso, profissionais
bem sucedidos, em geral de classe média, católicos ou pessoas de pensamento
mais tradicional, que têm buscado para seus filhos uma educação melhor do que a
que têm sido oferecida nas escolas atuais, uma educação mais parecida com a que
estes pais tiveram e que lhe capacitaram com as habilidades básicas para serem
proficientes em suas profissões. Em geral, os pais que estão buscando uma
educação mais clássica e tradicional estão visando simplesmente um melhor
futuro acadêmico e profissional para seus filhos, mas devido a carência de material,
têm pouquíssimas alternativas em nosso país, a não ser mandar seus filhos para
estudar no exterior, ou retirar os seus filhos da escola e ensiná-los em casa
por si mesmos ou com o auxílio de tutores. Cito aqui o crescimento da ANED-
Associação Nacional de Ensino Domiciliar - e a realização de alguns congressos
por parte de instituições protestantes e católicas que têm introduzido a
educação clássica para um público cada vez mais interessado. Acredito que,
assim como aconteceu nos Estados Unidos, esses pais descobrirão na educação
clássica um renascimento acadêmico, e esperamos que os pais cristãos
despertados por esse renascimento intelectual das letras e do pensamento
encontrem na educação cristã um reavivamento espiritual que mude para sempre e
impacte para a vida da família, da igreja e da sociedade.
Continua...
Aguardando parte III... :-)
ResponderExcluirEstou aprendendo sobre o assunto e tentando educar meus 5 filhos por este caminho. Agradeço qualquer orientação e informçao adicional.
Parabéns pelo blog, muito rico!
Muito bom temos que estar reformando tudo inclusive a educação.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir