“Como Maçãs de Ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv. 25.11)

“Feliz o homem que acha a sabedoria e o homem que adquire o conhecimento;
... é Árvore de Vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm." (Pv. 3:13,18)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Reflexões sobre o Casamento - por J. C. Ryle e John Bunyan

Prezados leitores,
Estamos em viagem, e este blog provavelmente continuará inativo pelas próximas semanas.
Contudo, sendo o motivo de nossa viagem o casamento de uma querida irmã, eu gostaria de deixar algo para refletirmos sobre este tema tão relevante em nossas vidas, seja para os que já se encontram neste estado, seja para aqueles que ainda planejam ou esperam ingressar nele.
Providencialmente, em uma de nossas leituras matinais destes últimos dias, deparei-me com este precioso trecho de J. C. Ryle sobre o bendito estado do casamento, bem como com o poema traduzido abaixo, do conhecido autor puritano John Bunyan, e gostaria de compartilhá-lo com os irmãos. Boa reflexão!

João 2:1-11

Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento.
Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho.
Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser.
Estavam ali seis talhas de pedra, que os Judeus usavam para as purificações e cada uma levava duas ou três metretas.
Jesus lhes disse: enchei de água as talhas. E eles as encheram totalmente. Então, lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o fizeram.
Tendo o mestre-sala provado a água transformada em vinho (não sabendo donde viera, se bem que o sabiam os serventes que haviam tirado a água), chamou o noivo e lhe disse: Todos costumam por primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora.
Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.



Quão honroso é, às vistas de Cristo, o estado do matrimônio! Estar presente em um casamento foi praticamente o primeiro ato público do ministério terreno do nosso Senhor.
O casamento não é um sacramento, como a igreja Romana declara. É simplesmente um estado de vida ordenado por Deus para o benefício do próprio homem. Mas é um estado do qual nunca se deve falar com leviandade, ou se considerar com desrespeito! O livro de Oração bem descreve o casamento como um “estado de honra, instituído por Deus no tempo de inocência do homem, significando, para nós, a mística união entre Cristo e a Sua igreja.” A sociedade nunca estará em uma condição saudável, e a verdadeira religião nunca florescerá  naquela terra em que o laço de casamento é pouco estimado. Aqueles que não o valorizam não possuem a mente de Cristo. Aquele que embelezou e adornou o estado do matrimônio com a sua presença e com o seu primeiro milagre em Caná da Galiléia é Aquele que não muda de ideia. “O matrimônio”, diz o Espírito Santo pela caneta do apóstolo Paulo, “seja digno de honra entre todos” (Heb. 13:4).
Uma coisa, contudo, não deve ser esquecida: O casamento é um passo que tão seriamente afetará a felicidade temporal e o bem espiritual de duas almas imortais, que ele nunca deve ser tomado nas mãos de maneira ‘inadvertida, mal-pensada, desnecessária, ou sem a devida consideração’. Para que este seja verdadeiramente feliz, ele deveria ser tomado de maneira ‘reverente, discreta, sóbria e no temor do Senhor’. A bênção e a presença de Cristo são essenciais para um casamento verdadeiramente feliz. O casamento que não oferece lugar para  Cristo e os seus discípulos não é um casamento que se possa justamente esperar que prospere.
Nós aprendemos destes versos que há certas vezes em que é correto e bom se alegrar e regozijar. O nosso próprio Senhor Jesus sancionou a festa de casamento com a sua própria presença. Ele não se recusou a ser um convidado de um casamento em Caná da Galiléia.   



A esposa de Cristo – John Bunyan

Quem é essa que vem do deserto
Coluna a fumegar com perfume encantador
Apoiada ao pai, de pesar coberto,
Ao qual foi concedida pelo Confortador?

O Sol é seu vestido, estrelas lhe coroam
A lua de prata fez-se o seu estrado
Persegue-lhe o dragão, seus rugidos soam, 
Contudo ela descansa à sombra do amado.

Mas de onde ela veio? Qual seu povo, sua raça?
Não era o seu pai um pobre Amorreu?
E sua mãe, qual sua desgraça,
Senão uma miserável do povo Heteu.

Sim, no triste dia em que nasceu,
Portas afora foi lançada com desdém,
Fétida e despida, desprezada pelos seus
Que triste pedigree tinha também.

Contudo agora vem em seu adorno
De cabelos longos, e busto ornamentado,
Herdeira é feita do mais alto reino,
Ao vento seu deslustre é soprado.

Lançada foi, mas agora é tomada,
Vestida e limpa, ao seu novo lar levada,
Amada é a que outrora era descalça
Qual princesa agora, não mais abandonada.



Pois o seu Amado é o mais honroso
Jeová, onipotente é que se chama
Fonte de vida, Rei valoroso,
Só dele vida e glória sempre emana.

Quanto ao seu tesouro, herdeiro é de tudo,
Do que existe na terra ou no céu
E esta agora tem galardão seguro,
Tudo é seu, aqui e além do véu.

Sim, Ó moça, bom foi Deus contigo,
De desprezada, agora és feita rainha,
Poucas há que outrora sem abrigo,
Convertida foi na mais nobre esposa minha.

Assim, não te orgulhes, lembra-te de Quem
Por natureza, encontrastes graça,
Mas em ti mesma ainda ficas muito aquém 

Assim tuas manchas cubra e o bem faça. 

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