“Como Maçãs de Ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv. 25.11)

“Feliz o homem que acha a sabedoria e o homem que adquire o conhecimento;
... é Árvore de Vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm." (Pv. 3:13,18)

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

OS PEQUENOS SERVOS DA PEQUENA SUSY - CAPÍTULO III

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CAPÍTULO III


Contudo, uma certa manhã, quando ela estava com apenas dez semanas de idade, a Susy começou a brincar com um brinquedo. O que você acha que era? Era a sua própria mãozinha! Ela a sentiu, a levantou e olhou para ela, a provou e admirou bastante. Até mesmo um sério juiz, sentado em sua poltrona e parecendo tão sábio quanto o Rei Salomão, dificilmente poderia parecer mais sério e sábio do que a Susy quando ela primeiramente descobriu que possuía duas mãozinhas! E como ela as virava, enroscando os seus dedinhos miúdos, girando-os e dobrando-os para todos os lados! Agora ela achava que tinha descoberto para que serviam aquelas coisinhas que até então não faziam nada senão dar tapas, arranhar e engordar. Ora, elas serviam como brinquedos, com certeza! E ela nunca precisaria chorar para chamá-las, ou levantar para procurá-las, pois ali estavam elas, sempre pertinho e sempre tão gostosas e macias! E assim a Susy brincava com as suas mãos, e conversava com elas, e as contava histórias em Grego, ou Latim ou Holandês, ninguém sabe, e estava assim muito animada e contente.
A sua mãe estava muito contente em ver Susy brincando com as suas mãozinhas, e depois de um tempo ela lhe ofereceu um pedacinho de papel. A Susy olhou para ele e queria pegá-lo. Mas as suas mãos não sabiam como fazer isso; elas só serviam para brincar uma com a outra. Mas elas queriam aprender a segurar coisas para a Susy, e começaram a praticar bastante, todos os dias, até que, enfim, elas aprenderam a segurar o seu chocalho para ela, e depois uma laranja, e depois um molho de chaves. Quão boas servinhas eram as suas mãozinhas! Você não acha? E mais ou menos nessa época, a Susy fez uma grande descoberta; ela descobriu que ela tinha dois pezinhos só dela e achou que seria uma boa ideia agarrar um deles e colocar em sua boca. Ela trabalhou muito diligentemente até se suceder nisso, ela era uma bebê tão ocupada que quase não encontrava tempo para tomar o seu café-da-manhã. Eu suponho que ela pensava que aqueles dois pezinhos gordinhos só serviam para ela brincar com eles, assim como ela havia pensado sobre as suas mãozinhas.
Talvez você gostaria de ler uma carta que a Susy escreveu para o seu priminho sobre este período. Eu imagino que ela tenha pedido à sua mãe ou a alguém para escrevê-la por ela:
“Meu querido primo,
Desde que eu lhe escrevi, eu já cresci bastante, pois estou agora com seis meses de idade. Eu ainda não consigo sentar sozinha, pois quando eu tento fazer isso, eu caio para os lados. Mas com uma almofada atrás de mim, eu consigo sentar muito bem e brincar com os meus brinquedos. Eu tenho uma antiga cesta cheia pela metade com os meus brinquedos, sobre os quais eu lhe contarei. Primeiro, eu tenho um anel de marfim com um fio azul nele, mas eu não penso grandes coisas dele. Depois, eu tenho uma grande rolha de garrafa que veio de um galheteiro de vinagre. Terceiro, eu tenho dois carretéis amarrados juntos, e atado a eles, de alguma forma, está um pedaço completo de fita que eu agarrei da cesta da minha mãe e chupei até ela dizer que não servia para mais nada e que eu posso até ficar com ele. Quarto, eu tenho uma tampa que veio de uma garrafa de alguma coisa doce, pois ela é muito gostosa. Eu gosto muito desta tampa, tanto que eu até deito no chão e brinco com ela como um gato brinca com um rato. Eu tenho ainda uma metade de uma moeda com um buraco no meio que a minha avó me deu; mas eu sempre choro quando brinco com ela, pois ela é tão dura que dói na minha boca. Eu tenho muitos retalhos que a minha mãe me deu. Quando ela corta as minhas camisolas, ela me dá os pedaços que estão sobrando e alguns são brancos, outros rosa e outros azuis. Você sabe que eu começarei a usar camisolas curtas logo, logo. Mas as minhas coisas favoritas para brincar são duas varetas vermelhas que eram parte de um antigo leque que a sua mãe deixou aqui. No outro dia, eu estava deitada no chão e pensei em tentar até onde eu conseguiria enfiar uma delas na minha garganta. Depois de empurrar um bocado, eu comecei a chorar. A minha mãe me segurou para cima e puxou-as para fora, mas a minha garganta estava arranhada e dolorida, então eu acho que não vou mais tentar enfiá-las tanto da próxima vez.
Às vezes eu faço uma visita à nossa velha gata e os seus três gatinhos. Eu falo com eles o mais alto que eu consigo, mas eles não parecem entender o que eu digo. E eu não sei porque, mas eles não gostam quando eu tento colocar os seus rabos na minha boca. 
Eu sinto muito dizer que à medida que eu cresço em sabedoria, eu também me torno mais levada. Eu sempre choro todas as vezes que a minha mãe está me limpando ou vestindo, e fico muito zangada com ela pois eu não gosto que façam isso comigo. E no momento que eu lhe vejo tirar a minha cesta de mim à noite, para me vestir e colocar pra dormir, eu choro com todas as minhas forças e não paro de jeito nenhum até sentir alguma coisa macia na minha boca. Ontem à noite, enquanto eu brincava no chão com a minha amada tampa, a minha mãe veio por trás e desatou os meus botões e tirou toda a minha roupa por trás, então desta vez eu não chorei. Eu tenho dois pés que eu julgo muito úteis para chutar quando estou com raiva, e duas mãos para pegar os brinquedos quando eu quero brincar, e dois olhos que me mostram figuras e outras coisas bonitas e que não descansam nunca, exceto quando eu estou dormindo. E se você um dia responder esta carta, eu tenho duas orelhas para ouvir a sua carta sendo lida.
Eu sou uma bebê muito boazinha logo quando eu acordo, pela manhã. Eu fico deitada na cama por um bom tempo, brincando com os meus pés ou com qualquer outra coisa que eu consiga alcançar. Às vezes eu desamarro o capuz da mamãe e às vezes eu arranho e puxo as suas bochechas e o seu queixo. Muitas vezes, eu quase arranco o nariz do papai do seu rosto, pois eu não sei para que ele precisa dele quando está dormindo. Isso não lhe relembra dos seus velhos tempos, três ou quatro anos atrás, quando você era um bebê? Se você vier aqui um dia, eu não sei o que eu farei para lhe entreter, pois eu ainda não sei falar. Eu provavelmente arranharei o seu rosto e puxarei o seu cabelo, e colocarei os meus dedos nos seus olhos, pois eu não sei fazer muita coisa além disso, já que sou um bebê tão pequeno. Eu estou muito cansada agora e precisarei me despedir, mas qualquer dia eu lhe escreverei novamente.
Da sua priminha,

Susy.”    

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